787kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Britain First. Que partido é este?

Este artigo tem mais de 5 anos

De acordo com testemunhas, o atacante que matou Jo Cox terá gritado "Britain First", o nome de um partido de extrema-direita. Responsável refuta qualquer ligação. Mas quem são estes nacionalistas?

Na tomada de posse do novo mayor britânico (muçulmano), Paul Golding virou as costas em sinal de protesto
i

Na tomada de posse do novo mayor britânico (muçulmano), Paul Golding virou as costas em sinal de protesto

Getty Images

Na tomada de posse do novo mayor britânico (muçulmano), Paul Golding virou as costas em sinal de protesto

Getty Images

Assumidamente nacionalistas, eurocéticos, anti-imigração, pelo Brexit. Para os críticos, são racistas, islamofóbicos, ultraviolentos, fascistas. Eleitoralmente, são praticamente irrelevantes. Nas redes sociais, colecionam milhões de seguidores. Esta quinta-feira, ficaram inevitavelmente associados ao homicídio de Jo Cox, defensora acérrima da permanência do Reino Unido na União Europeia — segundo várias testemunhas, o atirador terá gritado repetidamente “Britain First” enquanto atingia a deputada. O líder Paul Golding já se apressou a negar qualquer ligação à morte da deputada inglesa. Mas o passado violento persegue o partido.

Criado em 2011, por antigos membros do Partido Nacionalista Britânico (BNP), o Britain First reúne praticamente todos os elementos da extrema-direita ultra-radical. Tem, inclusive, um braço quase paramilitar — “Britain First Defence Force — famoso pelas suas “Patrulhas Cristãs”, em que os membros usam uniformes verdes, carregam cruzes brancas e gritam slogans anti-islâmicos.

Conhecidas ficaram também as invasões a mesquitas protagonizadas por este grupo, ainda em 2014, no sul de Londres. Numa dessas ações, distribuíram bíblias, exigiram a remoção dos sinais “sexistas” que distinguiam as entradas que deveriam ser usadas por homens e mulheres e recusaram-se tirar os sapatos. “Somos o Britain First, ok? Nós rejeitamos os vossos símbolos sexistas. Neste país defendemos a igualdade [de género]. Quando vocês respeitarem as mulheres, nós vamos respeitar as vossas mesquitas”, atirou Paul Golding, quando confrontado pelo líder religioso.

Vídeo publicado originalmente pelo Independent

As invasões às mesquitas valeram, inclusive, o afastamento de um dos fundadores do partido. James Dowson considerou estas invasões “inaceitáveis e anticristãs” — uma “loucura política”. “A maioria dos muçulmanos neste país está bem. Eles estão tão preocupados com o extremismo como nós. Por isso, ir às mesquitas para os provocar é uma loucura política e muito rude”, disse na altura o fundador do partido. Depois, afastou-se.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Daí para cá, o partido tem sido liderado com mão de ferro por Paul Golding, bem conhecido pelas autoridades inglesas e cujo currículo está manchado por várias detenções. Mas, e apesar destas ações, o partido sempre recusou o epíteto de islamofóbico.

britain_first_1

Imagens do líder Paul Golding no campo de treinos do partido

“O Britain First não é contra os muçulmanos como indivíduos, mas é contra a doutrina e a religião islâmica como uma ideologia. A doutrina do Corão promove o ódio, a violência e a intolerância contra os não-muçulmanos. A jihad é o assunto mais abordado no Corão. As mulheres são oprimidas pelo Islão. Os homossexuais são sujeitos à pena de morte. As crianças são forçadas a casar. A sharia promove apedrejamentos e amputações”… Os argumentos são vários e estão explicados no site da organização.

Apesar de ser o partido britânico com mais seguidores nas redes sociais — têm mais de 1 milhão de likes no Facebook — são, até ver, eleitoralmente irrelevantes. Nas eleições europeias de 2014, decidiram concorrer apenas na Escócia e no País de Gales e, em ambos os casos, não ultrapassaram os 2% dos votos. Nas eleições para a Câmara de Londres, o resultado não foi muito diferente: pouco mais de 31 mil eleitores, 1,2% dos votos.

Na tomada de posse do novo Mayor de Londres, Sadiq Khan, muçulmano e filho de imigrantes paquistaneses, Paul Golding virou as costas, em sinal de protesto.

London's new Mayor Sadiq Khan (R) addresses the media as Paul Golding (Far L) the candidate for Britain First, turns his back during the address at City Hall in central London on May 7, 2016. London became the first EU capital with a Muslim mayor Friday as Sadiq Khan won the election that saw his opposition Labour party suffer nationwide setbacks. / AFP / LEON NEAL (Photo credit should read LEON NEAL/AFP/Getty Images)

Paul Golding, à esquerda. AFP / LEON NEAL (Photo credit should read LEON NEAL/AFP/Getty Images)

Esta quarta-feira, como lembra o jornal britânico Independent, o partido decidiu partilhar um vídeo com algumas imagens do campo de treino do grupo.

O perfil anti-imigração é outro dos traços mais marcantes deste partido. Como explica o mesmo jornal, o Britain First tem procurado cavalgar a crise dos refugiados, através de uma propaganda assente no medo.

xmuslim-migrant xmuslim-migrant2

Jo Cox era um dos rostos mais conhecidos na defesa pelo acolhimento de refugiados sírios e pela permanência do Reino Unido na União Europeia. E, aqui, os destinos do Britain First e da deputada inglesa voltam a cruzar-se: segundo os vários relatos recolhidos, o atacante terá gritado “Britain First”.

Paul Golding apressou-se a negar qualquer ligação ao caso. Num comunicado gravado em vídeo e publicado no site do partido, Golding garante que o partido “não está envolvido [no crime], nem encoraja qualquer comportamento deste género”. E deixa várias questões em aberto: “Nós estamos no meio de uma campanha para o referendo. Estaria o atirador a referir-se a uma organização. Estaria a referir-se a um slogan? Estaria a gritar apenas: ‘É altura de pormos o Reino Unido em primeiro lugar?”. Quando ainda se desconhecem as motivações do crime, são várias as perguntas em aberto.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora