Luís Marques Mendes antecipou na noite deste domingo as linhas da execução orçamental relativa a agosto que será conhecida esta segunda-feira: houve uma quebra na receita e a despesa está “controladíssima”.
À imagem do que vem sendo hábito, Mendes aproveita o seu espaço de comentário televisivo na SIC para avançar com “informações em primeira mão” — como lhes chama — antecipando, desta vez, os números da execução orçamental até ao mês passado. “Posso adiantar que na receita os dados não serão famosos, com a receita em queda, designadamente no IVA. Do lado da despesa, as notícias são boas porque a despesa não está controlada, está controladíssima“, afirmou o ex-líder do PSD, que acredita que isto se deve ao “corte no investimento”.
E Luís Marques Mendes não ficou por aqui, avançando também que a Comissão Europeia vai exigir que Portugal consiga reduzir o défice para 1,4% do PIB no próximo ano (inferior ao deste ano em um ponto percentual). Uma meta que, diz o ex-líder do PSD, é inferior à pretendida pelo Governo, “que defende 1,8%”, assegura.
No Programa de Estabilidade entregue pelo Governo em Bruxelas em abril passado, a meta do défice para 2017 era precisamente a que agora estará a ser apontada por Bruxelas, numa altura em que o Executivo português ultima o Orçamento do Estado para o próximo ano, que vai entregar na Assembleia da República a 14 de outubro.
Marques Mendes adianta ainda que, em matéria de crescimento, o Orçamento vai conter uma previsão entre 1,3% e 1,5%. Números mais tímidos do que aqueles que constavam no Programa de Estabilidade, onde o Governo previu ter o PIB a crescer no próximo ano em 1,8%.
Ainda sobre a proposta que o Governo se prepara para entregar no Parlamento, Mendes acrescenta que “vai haver uma grande prioridade no domínio social que é o aumento das pensões mais baixas”. Na semana passada, numa iniciativa do PS em Coimbra, o primeiro-ministro António Costa anunciou esta intenção, quando falava nas medidas que quer que constem no Orçamento do Estado.
Sócrates quer ser candidato à Presidência
O comentador político dedicou a maior parte da sua intervenção deste domingo às polémicas das últimas semanas, com principal destaque para as iniciativas do PS em que surgiu José Sócrates. Marques Mendes acredita que “na cabeça de José Sócrates está a ideia de poder daqui a 4 anos e meio ser candidato à Presidência da República. Ele quer intervir politicamente e ter um regresso à politica ativa”, considerou Mendes que vê nisso “um problema para António Costa”.
Quanto aos outros casos que marcaram a última semana política, aqui ficam as principais ideias do comentador e ex-líder do PSD:
Financiamento dos partidos – “Era bom que [PS e PSD] começassem a dar exemplo na sua própria casa”, afirmou defendendo que os partidos se entendam quanto à necessidade de “gastarem menos dinheiro e de fazerem uma gestão mais rigorosa” das suas finanças.
Levantamento do sigilo bancário – Marques Mendes considera que o PCP, ao declarar-se contra o levantamento do sigilo bancário para contas com saldos superiores a 50 mil euros, deu “uma ajuda” ao Presidente da República. “O PCP mostra que o decreto não tem maioria no parlamento. O que significa que Marcelo ficou com muito mais espaço de manobra para poder vetar esta lei, porque é contra a maioria dos deputados”.
Novo imposto sobre imobiliário – É “uma espécie de TSU de António Costa”, disse Mendes comparando a contestação da medida à que o Governo de Passos Coelho sofreu com a redução da TSU que chegou estar prevista em 2012 — e que o Executivo deixou cair entretanto. “Tal como na TSU de Passos Coelho, também o Governo de Costa teve de recuar”, disse o comentador que deu como exemplo deste recuou o facto de ser ter começado a falar em aplicar a nova tributação a património de valor superior a 500 mil euros e o PS já ter vindo falar em 1 milhão.
Livro da polémica – “As narrativas do livro esta ao nível dos diálogos do Big Brother e da Casa dos Segredos. Acho este livro miserável”, disse Mendes declarando “conhecer bem” José António Saraiva, o autor do livro que revela pormenores íntimos de algumas figuras públicas (sobretudo do meio políticos): “Pensava que as pessoas com a idade ficavam mais sensatas, afinal não”. E quanto à apresentação do livro que esteve a cargo de Pedro Passos Coelho, Mendes considerou que o presidente do PSD “começou mal e acabou bem”, quando desistiu de a fazer.