A nova gama de carregadores de alta tensão da Efacec, denominada HV (de High Voltage), começou já a ser instalada no terreno, compreendendo potências de 50, 160, 175 e 350 kW, de forma a cobrir as futuras necessidades do mercado.
A diferença face aos carregadores de carga rápida já conhecidos (como os recentemente fornecidos às áreas de serviço das auto-estradas nacionais), conhecidos como QC (de Quick Charging), capazes de fornecer uma tensão entre 400 e 500 volts, reside na maior tensão que os novos HV podem atingir (um máximo de 1.000 volts), o que lhes garante uma potência superior.
Entre os novos sistema de carga, destaque para o carregador HV175, capaz de fornecer uma tensão nominal acima de 920 volts, e uma corrente máxima de 350 amperes, quando combinando duas unidades, que acabam por formar o HV350. Este supercarregador está especialmente dedicado a veículos com baterias de grande capacidade, e é o primeiro do mundo no seu género a chegar ao mercado. Há muitos fornecedores deste tipo de equipamentos que estão a desenvolver soluções igualmente potentes, mas a empresa portuguesa foi a primeira a conseguir construí-los em série e a fornecê-los ao mercado.
O mais potente dos supercarregadores produzidos em Portugal, o HV350, está dimensionado para baterias com capacidade acima de 130 kWh, superior mesmo ao maior dos acumuladores ao serviço do Model S da Tesla, que é o mais generoso do mercado, mas com apenas 100 kWh. Contudo, a Efacec nunca poderá produzir os supercarregadores para o construtor americano, pois “a Testa utiliza um sistema diferente e não normalizado” (para se defender de qualquer tipo de concorrência, n.d.r.), o que “torna pouco rentável” para a empresa portuguesa produzir sistemas de carga com as suas especificações, conforme explicou ao Observador um dos responsáveis por esta área de negócios da Efacec, Pedro Silva.
O engenheiro acrescenta ainda que “os novos supercarregadores de alta voltagem destinam-se não aos veículos que já existem, mas aos que vêm aí, com maior capacidade de baterias e necessidade de tempos de carga mais curtos”. Ou seja, apontam a “automóveis que aceitem cargas a 800 volts (em vez dos actuais 400 v utilizados pelos sistemas de carga rápida), para além de autocarros, entre outros veículos”.
De realçar que a Efacec tem, entre a sua lista de clientes, a maior parte dos fabricantes de automóveis europeus, e possui igualmente contratos de fornecimento para os EUA, onde a Ford e a General Motors (para além da Nissan e BMW, que ali também produzem os seus veículos) figuram entre os utilizadores dos seus sistema de carga. Mas os grandes clientes da Efacec são as empresas fornecedoras de energia, que exploram as redes de carga rápida, sendo especialmente para os 40 operadores com que a empresa nacional já trabalha que foi criada a nova série HV.
As baterias de maior capacidade vão ser uma realidade a muito curto prazo, pois para além dos camiões eléctricos – em que trabalha a Mercedes, a Scania, a Volvo e a Nikola e que se encontram em fase de desenvolvimento algo embrionária –, os maiores clientes para este tipo de superbaterias serão os autocarros urbanos e os veículos comerciais ligeiros, tipo furgão, que já circulam ao serviço de empresas como a Fedex (na Califórnia) e que prometem ser cada vez mais utilizados. A estes urge aliar os superdesportivos eléctricos em preparação, já que os seus proprietários podem suportar os custos adicionais de baterias mais eficientes, que trabalhem a 800 volts.