A administração da Unidade local de Saúde da Guarda, da qual faz parte o Hospital da Guarda, notificou o Ministério Público dando conta que os registos cardiotocográficos — registos gráficos da frequência cardíaca fetal e das contrações uterinas — feitos à mãe do bebé que morreu desapareceram, noticia, este sábado, o Jornal de Notícias. Estes exames seriam peças-chave na investigação que está a decorrer em torno da morte do feto.

Tanto o exame feito no dia 15 de fevereiro, como o que foi realizado no dia 16, quatro minutos depois da mulher grávida de 39 anos ter dado entrada naquele hospital com perdas de sangue, estão desaparecidos. O último exame, sobretudo, seria fundamental pois permitiria perceber se o feto estava vivo ou morto quando a mãe foi observada.

Mas os problemas na investigação não se ficam por aqui. De acordo com o JN, a Polícia Judiciária ainda não conseguiu ter acesso às imagens de videovigilância que ajudariam a confirmar quanto tempo esperou a mulher para ser vista por uma equipa médica. O Hospital terá invocado dificuldades técnicas para não disponibilizar as imagens.

O caso remonta a 16 de fevereiro. Nesse dia, Cláudia Costa — que tinha o partido por cesariana agendado para o dia 27 — deslocou-se ao Hospital da Guarda “com perdas de sangue”. Segundo a família, a mulher “esteve à espera do médico mais de hora e meia, apesar de estar com perdas de sangue” e quando o obstetra “decidiu finalmente responder à emergência, não havia nada a fazer pela criança”.

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No dia seguinte, o Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda anunciou, em conferência de imprensa, que tinha sido aberto um processo de averiguações para apuramento de responsabilidades na morte de um bebé por alegada falta de assistência. O administrador, Carlos Rodrigues, disse porém que a mulher “manifestava perdas de sangue pouco significativas tendo de imediato sido registada às 9h34”. “Feita a ecografia fetal confirmou a morte do feto. A mãe foi encaminhada para o bloco operatório e submetida a uma cesariana”, explicou.

O presidente do conselho de administração referiu ainda que estavam ao serviço dois obstetras e que o alegado atraso de um dos especialistas de serviço “é uma matéria” que fica”para ser analisada pelos inquiridores que foram nomeados”.

A Inspeção Geral das Atividades em Saúde e a Entidade Reguladora da Saúde também estão a acompanhar a investigação à morte do bebé. Segundo o JN, o diretor do departamento de pediatria daquele hospital, António Mendes, demitiu-se.