Com Emmanuel Macron a concorrer contra uma mulher na segunda volta das eleições francesas, a próxima primeira-dama só pode ser uma: Brigitte Trogneux.

Há três anos que França não tem uma primeira-dama. Valérie Trierweiler foi a última. Apesar de não ter casado com François Hollande, foi declarada primeira-dama por estar em união de facto com o presidente. Havia quem lhe chamasse apenas “primeira-namorada”, como alguns jornais americanos. Terminaram o relacionamento em 2014 e, desde então, os franceses nunca mais tiveram nenhuma. Agora, a nova futura primeira-dama de França, se Macron ganhar as eleições, chamar-se-á Brigitte Trogneux e diferencia-se das suas antecessoras. Por diversas razões.

Têm 24 anos de diferença. Brigitte e Emmanuel casaram em 2007 quando ela tinha 54 anos e a ele lhe faltavam dois meses para completar 29. No dia do casamento, foi o próprio Macron a reconhecer que são “algo não muito comum, um casal não muito normal” mas “um casal que existe”. O recém-casado dirigia um discurso a todos os presentes e, em especial, aos filhos da sua mulher que “foram testemunhas, nos últimos treze anos”, do que os dois viveram.

Emmanuele Macron e Brigitte Trogneux farão a 20 de outubro 10 anos de casados (Foto de LaParisienne/Twitter)

De facto, o romance entre os dois começou muitos anos antes. Não se sabe bem quantos. “Ninguém alguma vez saberá em que momento a nossa história se transformou numa história de amor. Isso pertence-nos. É o nosso segredo.”, contou Brigitte Trogneux no livro “Emmanuel Macron: a perfect young man” (“Emmanuel Macron: um jovem perfeito”, em português), da jornalista francesa Anne Fulda, citado na Reuters.

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De professora e mãe do amigo a esposa

Brigitte Trogneux terá conhecido Emmanuel Macron quando lhe dava aulas numa escola secundária em Amiens, no norte de França. Ela era professora de literatura francesa e latim mas dava aulas de teatro. Era casada e mãe de três filhos, um deles amigo de Macron. Com 15 anos, Emmanuel terá proposto à professora escreverem uma peça em conjunto. “Escrever fez com que estivéssemos juntos todas as sextas-feiras e isso criou uma proximidade incrível”, revelou Brigitte numa entrevista à Paris Match, citada pelo The New York Times.

Essa proximidade foi razão pela qual os dois foram afastados e Brigitte esteve prestes a ser acusada de assédio sexual de menores pelos pais de Macron, que entretanto o obrigaram a acabar o ensino secundário no Lycée Henri-IV, em Paris, para onde a professora se viria a mudar pouco tempo depois. Mas antes de deixar a escola, Macron terá feito uma promessa a Brigitte: “Não te vais livrar de mim. Vou voltar e vou casar contigo”, contou a mesma fonte.

Brigitte Trogneux, acompanhou Emmanuel Macron durante a campanha presidencial. É o próprio quem diz que Brigitte é a sua principal conselheira e não faz nada sem a sua opinião. (Foto de Mehdi Fedouach/Getty Images)

Na altura, Brigitte era casada com o banqueiro André Louis Auzière, mas acabou por se divorciar para ficar com Macron. Dos três filhos que resultaram do casamento com Auzière, nenhum deles se opôs à relação com Emmanuel Macron. “Pouco a pouco, ele venceu a minha resistência”, contou Brigitte ao The New York Times. Apesar de recear que Macron abdicasse dos seus anos de juventude para ficar com ela, Brigitte ficou sem razões. “Disse a mim própria: vou falhar na minha vida se não fizer isto”, revelou à mesma fonte. Por isso, fez.

“A família já tinha macarons e ganhou um Macron”, é um trocadilho que se começou a ouvir desde então. A verdade é que Brigitte Trogneux vem de uma família conhecida na região de Amiens por fabricarem chocolates e “Macarons d’Amiens”, uma especialidade francesa feita a partir de uma pasta com ovos, mel e amêndoas, premiada em 1992, durante a Exposição Internacional de Confeitaria.

No ano a seguir ao seu casamento, a já Brigitte Macron deixou de dar aulas para estar ao lado do marido na sua vida política, apoiando e aconselhando Emmanuel. A última das ocasiões foi quando o candidato venceu a primeira volta das eleições presidenciais francesas e aproveitou o momento para homenagear Brigitte: “Sempre presente e agora ainda mais. Sem ela, eu não seria quem sou”, disse o candidato independente apontado pelas sondagens como favorito para a segunda volta de 7 de maio.

Emmanuel Macron não se conteve no momento em que subiu ao palco para festejar a vitória da primeira volta das eleições francesas, beijando a sua mulher várias vezes (Foto de Eric Feferberg/Getty Images)

A relação entre ambos não passou despercebida aos eleitores. Mas também não foi julgada. A verdade é que os franceses estão habituados a presidentes com relações conjugais e extraconjugais que prezam pela extravagância. França já teve presidentes com grandes diferenças de idade das mulheres (Sarkozy/Bruni), mas nunca algum foi mais novo que a primeira-dama. Brigitte e Emmanuel inverteram os papéis. “Ninguém acharia isto incomum se a diferença de idade fosse revertida. As pessoas acham difícil aceitar algo que é sincero e único”, disse Macron no livro de Anne Fulda, citado na Reuters.

Não só as pessoas, mas os media. A primeira aparição pública do casal aconteceu em 2015, num jantar com o Rei Filipe de Espanha. Embora discreta, a relação de Brigitte e Emmanuel tornou-se a partir desse momento um alvo da imprensa por todo o mundo. Algumas publicações questionaram-se como podiam levar a sério um “menino da mamã” com uma mulher 24 anos mais velha. No final do ano passado, os media espalharam mesmo o rumor de que Macron era gay e que Brigitte servia de esconder a sua homossexualidade.

Barbie com menopausa mas com estilo

Foi apelidada de “barbie com menopausa” por um humorista de radio, citado pelo The New York Times, expressão entretanto adotada noutros jornais. Por outro lado, vários meios de comunicação cada vez mais a encaram como um ícone de moda. Loira e de olhos azuis, Brigitte é muitas vezes comparada com Jane Fonda. É mãe de três filhos e avó de sete netos. Os 64 anos poucas marcas deixaram. Brigitte é dona de um corpo esbelto e bronzeado e de um estilo único, já elogiado pela imprensa francesa.

Quando o seu marido se tornou ministro da Economia de François Hollande, aumentaram as aparições públicas de Brigitte. Depois desse momento, a mulher de Macron recebeu conselhos do vice-presidente da Louis Vuitton, marca de roupa da qual se veste usualmente. Senta-se muitas vezes na primeira fila de desfiles de moda quer da Louis Vuitton quer da Christian Dior.

Representa o significado do estilo parisiense: sofisticada, por vezes clássica, confiante, simples sem ser simplista. Fã de vestidos e calças skinny. Conjuga muitas vezes os seus looks com acessórios de luxo. Brigitte não tem medo de mostrar o corpo e fá-lo de forma elegante. Opta muitas vezes por cores escuras mas não deixa de lado um tom mais claro. Não passa despercebida, nem que seja pelas marcas de luxo que muitas vezes usa.

Há várias décadas de mão dada com Emmanuel Macron, Brigitte está a um passo de dar as mãos ao Presidente de França e de poder vir a tornar-se o próximo ícone de moda da política francesa. Depois de ver esta amostra de estilo, a imprensa de todo o mundo anseia pelo que está para vir.

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