O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, defendeu esta sexta-feira “uma mensagem de unidade” na defesa dos interesses da região e do país relativamente à base das Lajes, na ilha Terceira.

Eu acho que é mau criar fatores de distração nesta matéria. As razões da minha insatisfação têm a ver com a forma como os Estados Unidos da América estão a abordar este assunto e acho que, reitero, devemos ser capazes de criar uma mensagem de unidade, de união, em relação à defesa dos interesses dos Açores que, neste caso, são os interesses de Portugal”

O chefe do executivo regional falava aos jornalistas na base aérea das Lajes, concelho da Praia da Vitória, após ser questionado se sente que está a batalhar sozinho ou se acha que tem o apoio incondicional do Governo da República e do chefe de Estado em relação às Lajes.

Na sequência da redução da presença norte-americana nas Lajes, anunciada em 8 de janeiro de 2015, os Açores apresentaram um plano de revitalização económica da ilha Terceira, no qual pedem ao Governo nacional que assegure junto dos Estados Unidos 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, para a ilha.

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Mais de metade dessa verba – 100 milhões de euros anuais – tem como destino a “reconversão e limpeza ambiental” de infraestruturas e terrenos construídos e ocupados pelos Estados Unidos ao longo dos mais de 60 anos, alguns deles com problemas já diagnosticados de contaminação.

Confrontado com as declarações do Presidente da República, que disse esta sexta-feira esperar que prevaleça o bom senso no cumprimento dos compromissos internacionais, Vasco Cordeiro afirmou que, como sucedeu na matéria laboral, que também na questão ambiental “seja possível congregar todos os esforços”.

[Que] seja possível dar esta mensagem de união e de força para a defesa dos interesses dos Açores e dos açorianos que, nesta matéria, são, claramente, os interesses de Portugal”

Em 1995, Portugal e os Estados Unidos da América assinaram, em Lisboa, o Acordo de Cooperação e Defesa. Esse documento inclui também o acordo técnico, que regulamenta a utilização da base das Lajes e outras instalações militares portuguesas, e o acordo laboral, que regula a contratação de trabalhadores nacionais na base açoriana. O protocolo criou a comissão bilateral permanente, que ficou incumbida de promover a sua execução e a cooperação entre os dois países

A semana passada, o presidente do Governo Regional considerou que “quanto mais forte e unida for a posição dos Açores melhor”, ao referir-se à questão ambiental nas Lajes.

“É importante que, à semelhança do que aconteceu na componente laboral e que teve os resultados que teve [sem despedimentos forçados], quanto mais forte e unida for a posição dos Açores melhor. Isso não quer dizer unanimismo, isso não quer dizer unanimidade”, declarou Vasco Cordeiro, após se reunir com os deputados da Comissão de Política Geral do parlamento regional para fazer um ponto de situação sobre a base.

A reunião ocorreu depois de Vasco Cordeiro ter participado em mais uma reunião da comissão bilateral, em Washington, Estados Unidos da América, que classificou de insatisfatória, tendo pedido a intervenção do Governo de António Costa.