Um dos maiores icebergs do mundo está prestes a ‘descolar-se’ da placa Larsen C, na Antártica. A gigantesca massa de gelo tem o tamanho de Delaware, e pode desprender-se da Península da Antártica “a qualquer momento”, segundo a monitorização que está a ser feita pelos cientistas.
A grande questão que se levanta é: o que vai acontecer quando o iceberg se soltar e começar a ‘navegar livremente’?
Cientistas da Agência Espacial Europeia (AEE) têm estado atentos àquele que será o maior iceberg de sempre, através da missão de Cryosat, um satélite com a missão de observar a Terra. Este já forneceu dados importantes sobre as características vitais desta massa de gelo.
Com a informação de Cryosat, nós temos conseguido mapear a elevação do gelo acima da superfície do oceano e estimar que, caso se torne um iceberg real, terá cerca de 190 metros de espessura e 1,155 quilómetros cúbicos”, disse Noel Gourmelen, da Universidade de Edimburgo, em comunicado.
A falha, que poderá dar origem a este iceberg, em Larsen C foi observada há dois anos e desde aí tem vindo a crescer significativamente.
Em janeiro, a falha extendia-se por, aproximadamente, 178 quilómetros. No mês passado, os investigadores anunciaram que ela já teria aumentado mais 17 quilómetros, deixando-a ligada à península principal por uma secção de apenas 12 quilómetros. A falha continua a aumentar rapidamente e pensa-se que, em breve, se irá separar da restante plataforma de gelo.
O iceberg mantém-se ligado à plataforma gelada, mas a extremidade externa está a mover-se à sua velocidade máxima. Ainda não podemos dizer quando ele se separará completamente, pode ser nas próximas horas, dias ou semanas”.
Estas separações, conhecidas como ‘calving’, são eventos naturais e normais. Mas, Larsen C merece a atenção especial dos cientistas devido ao seu enorme tamanho, que representa riscos para os navios que navegam por aquelas rotas marítimas.
Anna Hong, da Universidade de Leeds, disse que ainda não se tem a certeza do que vai acontecer com este possível iceberg.
Ele pode, de facto, despedaçar-se depois de se soltar. As correntes oceânicas podem arrastá-lo para Norte, até às ilhas Falkland. E, se assim for, isso pode representar um perigo para os navios em Drake Passage”, disse Hong, citada pela BBC.
Jonathan Kingslake, um especialistas em glaciares na Universidade de Colúmbia, acrescentou à Newsweek que as plataformas de gelo agem como uma garrafa de cortiça, mantendo o gelo na Terra. “Se uma área de gelo desaparecesse, o gelo na Terra começaria a flutuar mais rápido”.
É isto que provavelmente vai acontecer ao Larsen C, o seu par, o Larsen B desintegrou-se em 2002, depois de ter passado por um fenómeno semelhante.