O jornal espanhol El País avança que Portugal será o único país da União Europeia que descarta a hipótese de aplicar sanções à Venezuela caso o presidente Nicolás Maduro avance com a convocação de uma assembleia constituinte. A informação terá sido revelada por fontes diplomáticas ligadas à representação da União Europeia em Caracas, que referem um relatório da delegação onde se aponta que 27 dos 28 Estados-membros da UE têm essa hipótese em cima da mesa — apenas Portugal não admitirá aplicar sanções ao país. Já esta manhã, o Governo português desmentiu a informação.

A alta representante da UE para a política externa, Federica Mogherini, afirmou esta terça-feira que “todas as opções estão em cima da mesa”, sublinhando que há a hipótese de “sanções específicas, individuais, seletivas” e aconselhando Maduro a abandonar a ideia de convocar uma assembleia constituinte, já que “claramente a maioria do país não apoia essa hipótese”.

As palavras de Mogherini não foram bem recebidas pelo líder venezuelano, que afirmou que “a Venezuela não é uma colónia da União Europeia” e não irá receber ordens de ninguém.

Alguns países europeus têm posições cada vez mais duras em relação ao regime de Nicolás Maduro. O governo espanhol apelou esta semana a que a Venezuela cumpra a Constituição e o governo francês pediu a Maduro para “parar com a violência e apaziguar as tensões”.

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Ministério dos Negócios Estrangeiros desmente informação do El País

Questionado pelo Observador relativamente a esta notícia, o Ministério dos Negócios Estrangeiros respondeu que “a informação hoje veiculada pelo jornal El País não é verdadeira”. Numa breve nota enviada como resposta, o ministério sublinha que “Portugal não se opôs, no seio da União Europeia, à aplicação de sanções à Venezuela, pela simples razão de que essa questão não foi ainda discutida entre os Estados-Membros da UE“.

Portugal tem participado ativamente na formação do consenso necessário à definição da posição da UE sobre a Venezuela, tal como resulta, designadamente, das conclusões aprovadas no Conselho de Negócios Estrangeiros de 15 de maio, conclusões essas nas quais Portugal se revê inteiramente, e também da declaração feita anteontem pela Alta Representante, Federica Mogherini”, sublinha ainda o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

“A UE, e com ela Portugal, têm feito tudo o que está ao seu alcance para favorecer uma solução política inclusiva na Venezuela, respeitadora do Estado de Direito, do pluralismo político e do princípio de resolução pacífica dos diferendos”, conclui a resposta.

Artigo atualizado às 11h29 com a resposta do Ministério dos Negócios Estrangeiros às questões do Observador