A administração de Barack Obama terá recebido vários avisos de responsáveis de segurança nacional entre 2014 e 2016 que o governo russo estaria a aumentar as suas operações e capacidades para afetar os sistemas políticos de vários países na Europa e nos Estados Unidos, avança a revista Politico. Casa Branca, agências de informação e Departamento de Estado estavam informados.

Falta de convicção, medo de retaliação e gestão demasiado minuciosa da Casa Branca, estão entre as razões apontadas por membros, atuais e antigos, das agências de informação para a falta de medidas mais duras antes das eleições para evitar o que tem sido considerado desde outubro de 2016 de ingerência russa no processo eleitoral norte-americano.

Segundo a edição online da revista Politico, a administração de Barack Obama recebeu várias indicações sobre as intenções da Rússia de interferir com o sistema político norte-americano e em outros países, apesar de nunca ter recebido um aviso claro de que isso aconteceria nas eleições de novembro de 2016.

No entanto, os avisos eram explícitos. Num relatório citado pela revista, que foi entregue à Casa Branca, e distribuído entre as várias agências e pelo Departamento de Estado, uma fonte russa alertava os responsáveis norte-americanos em Moscovo para a extensão da operação russa.

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“Não têm ideia do quão extensas são as redes na Europa…e nos Estados Unidos. A Rússia infiltrou-se na comunicação social, nas empresas de lobbying, nos partidos políticos, governos e exércitos em todos estes sítios”, terá dito, diz o Politico, citando o relatório que passou pelos vários níveis do governo norte-americano.

Os mesmos responsáveis em Moscovo consideram que a administração descartou a demasiado rápido a possibilidade de o Kremlin conseguir infiltrar-se nos Estados Unidos, o que pode justificar a ausência de resposta que noutras ocasiões encontrou sempre.

Segundo responsáveis da administração Obama, citados pela revista, admitem que receberam o relatório, mas dizem que não se recordam de existir qualquer referência direta sobre uma eventual ingerência nos Estados Unidos.

Vários atuais e antigos responsáveis das secretas norte-americanas questionam ainda a resposta a estas informações, lembrando que noutras ocasiões a administração retaliou contra as ações russas rapidamente com mais sanções e maior apoio à NATO. A administração tinha inclusivamente identificadas residências do governo russo nos Estados Unidos que as secretas suspeitavam estarem a ser usadas como bases para as secretas russas e diplomatas russos que estariam a desenvolver atividades relacionadas, mas isso a retaliação só viria a acontecer depois das eleições.