O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados manifestou na quarta-feira preocupação com um ataque contra rohingya muçulmanos no Sri Lanka, onde líderes governamentais pediram uma resposta legal severa contra os atacantes, que incluíam monges budistas.

Na terça-feira, um grupo liderado por monges budistas entrou à força num abrigo das Nações Unidas para rohingya muçulmanos, alegando que os refugiados eram terroristas e exigindo que fossem enviados de volta para Myanmar, obrigando a polícia a deslocá-los. Dezenas de manifestantes da comunidade budista do Sri Lanka lideraram uma multidão que entrou numa casa com vários pisos em Mount Lavinia, nos arredores da capital do Sri Lanka.

Em comunicado, a ACNUR disse estar “alarmada e preocupada” pelo incidente de terça-feira e instou o “público e todos aqueles preocupados com refugiados a continuarem a estender a proteção e a mostrar empatia pelos civis que fogem da perseguição e da violência”.

A polícia levou 31 refugiados rohingya, incluindo 17 crianças, e colocou-os numa localização segura.

Um vídeo publicado um por grupo nacionalista, o Movimento Nacional Sinhala, na sua página de Facebook, mostra manifestantes a apelidar os rohingya de “terroristas que mataram budistas na Birmânia” e a dizer que eles não podem viver no Sri Lanka.

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Na quarta-feira, o ministro das Finanças e Media, Mangala Samaraweera, condenou o ataque, descrevendo-o como “um ato vergonhoso” e pedindo uma ação firme contra os atacantes.

O ministro da Saúde, Rajitha Seneratne, disse ter ficado desanimado com o ataque e instou as autoridades a deterem os atacantes.

Os budistas representem 70% do Sri Lanka, uma ilha com 20 milhões de pessoas, enquanto os muçulmanos são 10%.

Meio milhão de rohingya muçulmanos fugiram de Myanmar para o Bangladesh no último ano, a maioria desde 25 de agosto, quando insurgentes rohingya atacaram as forças de segurança de Myanmar, gerando uma resposta militar e represálias da maioria budista.

Há muito que os rohingya enfrentam perseguição e discriminação em Myanmar, onde o Governo lhes nega cidadania e os considera imigrantes ilegais.