O presidente do governo regional da Catalunha pediu mediação internacional para negociar com o governo de Mariano Rajoy. Carles Puigdemont falava depois de uma reunião com o governo regional catalão, que se reuniu na manhã desta segunda-feira pela primeira vez após declarar a vitória do “Sim” com mais de 90% dos votos num referendo que o Tribunal Constitucional declarou ser ilegal e que Mariano Rajoy disse que “não existiu”. Carles Puigdemont insiste que o resultado é “vinculativo” e que vai passar a decisão ao parlamento regional.

Como já tinha ficado claro no discurso de Carles Puigdemont na noite de domingo, a Catalunha já não tem interese em falar diretamente com Espanha — pelo menos, não o fará diretamente. “Não existe nenhum contacto com o Governo espanhol”, disse o presidente do governo regional catalão. “Ganhámos o direito de ser ouvidos e de ser interpelados diretamente pelas instituições europeias.”

“O momento aconselha que haja uma mediação e a mediação deve ser internacional para que seja eficaz”, disse Carles Puigdemont. “Há algum tempo que temos gente de fora disposta a fazer essa mediação.” Quando lhe perguntaram quem poderia fazer essa mediação, o presidente da Generalitat disse que não tinha”nenhum indício de que a União Europeia possa apadrinhar esse processo”.

Ainda esta manhã, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, emitiu um comunicado onde, apesar de dizer que “a violência nunca pode ser um instrumento político”, sublinhava que o referendo catalão “não foi legal” e que este é um “assunto interno com o qual Espanha terá de lidar dentro da linha da ordem constitucional de Espanha”. O segundo artigo da Constituição de Espanha refere que a unidade territorial do país é “indissolúvel”.

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Apesar disto, Carles Puigdemont diz que aceita sentar-se à mesma mesa com Mariano Rajoy. Para isso acontecer, além da mediação internacional, o presidente da Generalitat quer que essa conversa seja feita “sem condições”. “Se me chamarem hoje para falar, hoje mesmo eu vou”, disse. “Simplesmente, pedimos que não nos ponham condições.” No seu discurso de domingo à noite, Mariano Rajoy também abriu a porta ao diálogo, mas… com condições. Para o Presidente de Governo, é preciso falar “sempre dentro da lei e com a marca da democracia”.

Intervenções policias “não podem continuar impunes”

“O que se passou ontem foi uma jornada de violência, a pior dos últimos quarenta anos, e por isso não pode continuar impune”, disse Carles Puigdemont, sobre as intervenções policiais nas assembleias de voto deste domingo. Segundo o presidente da Generalitat, as intervenções policiais deste domingo causaram 893 feridos, entre os quais dois permanecem com “prognóstico reservado”. Além disso, foram feitas 73 queixas formais contra a polícia.

Carles Puigdemont anunciou duas medidas acordadas entre o governo regional: a exigência da “retirada de todos os efetivos policiais destacados na Catalunha; e a “criação de uma comissão especial de investigação das violações dos direitos fundamentais que foram cometidas”.