O Bloco de Esquerda fez saber, através de uma nota enviada à comunicação social, que na quinta-feira se encontrou com o presidente da Câmara de Lisboa para um “levantamento exploratório das questões que importam para o Governo da cidade”. No “encontro informal” estiveram presentes Ricardo Robles (vereador eleito nas eleições de domingo passado) e Isabel Pires. “As conversações continuarão nas próximas semanas” e têm em vista um acordo para a governação de Lisboa, Câmara que o socialista Fernando Medina ganhou mas sem a maioria absoluta que o PS detinha desde 2009. O Observador soube entretanto que também o PCP já se reuniu com o autarca socialista, para o mesmo efeito.
De acordo com a nota do Bloco de Esquerda, os representantes do partido “reafirmaram a disponibilidade transmitida na campanha eleitoral para uma viragem política”. O partido também já detalha as principais matérias de interesse na gestão municipal: “Construção de creches, melhor utilização social da taxa de turismo, habitação, proteção de famílias contra despejos abusivos ou na recuperação de transportes públicos”.
Medina ganha sem maioria. Lisboa à beira de uma “geringonça”
Recorde-se que na noite eleitoral, ainda antes de ter a certeza que tinha perdido a maioria absoluta em Lisboa, Fernando Medina disse que mesmo que o PS conseguisse alcançá-la era sua “intenção abrir um processo de diálogo com as várias forças políticas, em particular à nossa esquerda”. O autarca disponibilizou-se “para pactos alargados para a governação da cidade que podem chegar à atribuição de pelouros”. Na reunião que manteve com o Bloco de Esquerda, Fernando Medina só quis perceber a disponibilidade do partido para participar na governação da cidade, ainda não houve um conversa mais detalhada sobre o assunto.
Da noite eleitoral saiu uma Câmara dividida entre cinco forças políticas (na distribuição anterior de mandatos, o BE não tinha conseguido eleger nenhum vereador): o PS ficou com oito vereadores, o CDS com quatro, o PSD e a CDU ficaram com dois mandatos cada um e o Bloco de Esquerda conseguiu eleger um vereador. Ou seja, a Fernando Medina basta uma abstenção para conseguir fazer aprovar propostas na Câmara de Lisboa, já que em caso de empate o presidente tem voto de qualidade. Ainda assim, a prioridade do socialista vai para um acordo e pretende tê-lo fechado até ao dia da tomada de posse, dia 24 de outubro.
PCP e BE avaliam hipótese de um acordo em Lisboa. PS aguarda
Depois da reunião do Comité Central do PCP, logo na terça-feira depois das eleições, o líder Jerónimo de Sousa explicou que “em Lisboa, não existirá essa possibilidade de encontrar um modelo como foi encontrado ao nível nacional”. Mas no dia seguinte, a Direção de Lisboa do PCP veio falar em “disponibilidade para (…) continuar a desenvolver no executivo municipal uma intervenção ativa, atenta, exigente e construtiva, que contribua para resolver os problemas sentidos por todos os que vivem e trabalham em Lisboa, e para enfrentar de forma corajosa os desafios que se colocam à cidade”.
Artigo atualizado às 13h35 com a informação sobre o PCP