O número de mortos dos incêndios no norte e centro do país deste fim de semana é de 41, confirmou a Patrícia Gaspar, porta-voz da Proteção Civil, no briefing das 19h de terça-feira. Mas não há nenhuma criança entre as vítimas mortais: ao contrário do que foi inicialmente referido pela Proteção Civil, a bebé de um mês que se pensava ter morrido “encontra-se bem e na companhia da família”.

Neste momento, segundo Patrícia Gaspar, também não há pessoas desaparecidas. A mulher que ainda estava desaparecida foi encontrada morta na Pampilhosa, em Coimbra. O corpo foi descoberto dentro de casa esta terça-feira — o que causou a subida do número de mortos para 41: 19 em Coimbra, 18 em Viseu, um em Castelo Branco, dois na Guarda e um no Hospital de Coimbra.

Bebé de um mês encontra-se “bem e na companhia da família”

Na segunda-feira, no briefing operacional das 17h00, quando questionada por uma jornalista se uma das vítimas mortais era um bebé de um mês, Patrícia Gaspar respondeu: “Sim, em Tábua. Era a criança que estava desaparecida, infelizmente confirmou-se”.

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Mas houve um recuo nessa informação esta terça-feira. A bebé de um mês afinal encontra-se “bem e na companhia da família”. A adjunta nacional responsabiliza a informação errada com o “complexo” fluxo de informação que levou várias fontes (inclusive fontes da Proteção Civil) a dar a criança como morta.

Os pais, contudo, estão entre as vítimas mortais do incêndio.

“Resta apurar a onde pertenciam as vítimas”

Quanto à identidade, origem e motivo que levou as vítimas mortais aos locais onde foram encontradas, Patrícia Gaspar disse que em ocorrências destas, “que evoluíram com complexidade”, resta ao serviço de Proteção Civil apurar o que passou. A pergunta foi colocada por uma jornalista da RTP, que questionava as cinco vítimas que tinham sido encontradas numa aldeia de Vouzela (Alcofra) mas que uma reportagem da RTP no local tinha averiguado que não moravam nessa localidade.

A adjunta nacional respondeu que falta “apurar a onde pertenciam as vítimas”: um trabalho de levantamento de informação que está e continuará a ser feito pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses e pela Polícia Judiciária de forma a que seja apresentado “um panorama consolidado”.

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Ao final da tarde desta terça-feira, 225 bombeiros, apoiados por 60 meios terrestres, estão combater três ocorrências que ainda estão em curso. Se na passada segunda-feira se registaram 247 incêndios florestais — “um número bastante inferior” em relação aos 523 fogos ativos no dia 15 de outubro –, esta terça-feira estão identificadas apenas 37 ocorrências, sendo que nenhuma delas é “significativa”. Patrícia Gaspar referiu ainda que a reativação desta tarde já foi dominada.

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No que diz respeito à eventualidade de ainda existirem localidades isoladas ou com serviços cortados, a Proteção Civil garante que “todos esses serviços e infraestruturas (gás, eletricidade, água, telecomunicações) estão a ser repostos gradualmente”. Contudo, nenhuma situação está a 100%. “Poderá ficar nas próximas horas, ou nos próximos dias”, explica Patrícia Gaspar.

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Autarca de Vouzela estima que 80% a 90% do concelho tenha sido “arrasado”

O presidente da Câmara de Vouzela, Rui Ladeira, disse esta terça-feira que “80% a 90% do concelho foi arrasado” pelas chamas, que também deixaram “pelo menos 20 famílias desalojadas” e destruíram “centenas de postos de trabalho”.

Estamos a avaliar os prejuízos, que são imensos, nomeadamente a destruição de casas de primeira habitação, dependências, aviários, explorações agrícolas, tratores, carros… Foi uma coisa dantesca”, afirmou o autarca à agência Lusa.

Segundo Rui Ladeira, “o concelho todo foi completamente devastado, todas as freguesias foram atingidas”. “Estamos preocupados com o realojamento das pessoas que perderam a sua primeira habitação, os prejuízos que tiveram e as centenas de postos de trabalho destruídos, porque arderam pequenas unidades de serralharias, carpintarias, aviários e até uma empresa de obras públicas”, contou. O autarca disse que, apesar de a avaliação ainda estar a ser feita, haverá “pelo menos duas dezenas de famílias desalojadas”.

Entre primeira habitação, arrecadações, arrumos, estamos a falar de centenas destruídos. Mais de uma centena de alfaias, tratores e maquinaria. Há pessoas que só ficaram com a roupa no corpo e isso deixa-nos destroçados”, afirmou.

São prioridades garantir a sanidade pública, “porque há muitos animais mortos”, restabelecer as tubagens de água para as habitações e a desobstruir as estradas, acrescentou.