Se Maria Antonieta fosse viva, certamente tomaria o seu chá aqui, acompanhado de dois ou três macarons, como boa apreciadora de pastelaria fina que era. Sem damas carregadas de pó de arroz, mas com todo o rococó de Versalhes, o primeiro salão de chá da Ladurée em Portugal abre já na próxima quinta-feira na Avenida da Liberdade, em Lisboa, paredes meias (e a uma porta automática de distância) da recém-inaugurada Fashion Clinic. Em abril, o JNcQUOI já tinha feito o gostinho à cidade com um balcão de macarons. Ao lado da ementa do novo espaço, a partir da próxima semana os doces coloridos passam a ser só um aperitivo.

A expressão salão de chá não é para levar à letra. Na verdade, a ementa é bem mais extensa e faz da Ladurée uma boa opção para almoçar, lanchar, tomar o pequeno-almoço ou até mesmo o brunch. Entre as especialidades estão a Salada Treviso (17€), à base de batata doce, chicória e cânhamo, a sanduíche Club Ladurée (20€) e a Omelette Ladurée (19€), dois pratos de assinatura da maison, o Vol au Vent (27€), receita de frango, cogumelos selvagens e espinafres e o célebre Croque-Monsieur (19€), com peru, queijo francês Emmental e molho Mornay. É sabido que o chocolate quente (7€) da casa é qualquer coisa de insubstituível, mas isso não impediu o menu de incluir uma seleção de vinhos, servidos a copo a qualquer hora do dia (até às oito da manhã).

Por muito variada que seja a ementa, nas vitrines o que brilha são os bolos. Aqui os olhos são os primeiros a comer, mas também os primeiros a lidar com dilemas fraturantes. Cydonie ou Café Olé? Plaisir Sucré ou Tarte de Framboesa e Maracujá? Os macarons estão logo ao lado para o caso de não se chegar a nenhuma conclusão.

A Ladurée não ficou entre quatro paredes e montou uma esplanada no Tivoli Forum © André Carrilho/Observador

O espaço foi projetado por Lázaro Rosa-Violán, o mesmo arquiteto que assina o JNcQUOI e a nova loja da Fashion Clinic, outros dois espaços do grupo Amorim Luxury, e está à imagem e semelhança dos salões de chá da masion espalhados pelo mundo. Os armários e vitrines parecem ter parado no tempo, mais precisamente em 1862, ano em que o senhor Louis Ernest Ladurée abriu a primeira padaria em Paris. O bronze dos candeeiros e as pequenas esculturas suspensas no teto dão um toque moderno ao espaço que apesar das apertadas regras da casa-mãe teve direito a painéis de azulejos. Um elemento português que não se repete em nenhum outro salão de chá da Ladurée. Tudo o resto é bem francês, incluindo a esplanada.

As poltronas e os sofás aveludados completam a experiência sensorial ou pelo menos garantem que as visitas estão confortáveis enquanto ingerem doses concentradíssimas de açúcar. Mas sentar-se neles não é obrigatório. A entrada do salão de chá está cheia de opções para levar, das caixas de macarons aos chás que daqui a umas semanas vão estar a fazer sucesso debaixo de tudo o que é árvore de Natal. A julgar pelo calor fora de época, talvez o mais provável, para já, seja sair de lá com um copo de gelado (sim, porque também os há e custam entre 3,60€ e 11€).

O que muita gente não sabe é que nem tudo na histórica pastelaria parisiense é para comer ou beber. A linha Les Secrets Ladurée também veio para Lisboa. É composta por porta-chaves, sacos e velas, a única forma de sair da Ladurée com uma coisa que vá durar mais do que uma hora.