Tem uma namorada/o ou mulher/marido que sabe de cor e salteado as frases dos grandes clássicos de ficção científica, entra em longas discussões sobre quem é o super-herói mais forte e fala-lhe em memes da Internet como se tivesse uma língua própria? Parabéns, tem um geek na sua vida. O Observador fez uma lista de presentes tecnológicos para oferecer neste Natal. De brinquedos da cultura pop aos mais avançados gadgets, são cinco sugestões para todos os gostos e carteiras.

O super-poder da nostalgia dos anos de 1990

Não importa se era fã do Sonic ou do Super Mario, a mini Super Nintendo é uma viagem ao passado que cativará qualquer fã de videojogos. Podia ser melhor? Sim, podia. Tem apenas 20 jogos (não dá para adicionar nem comprar mais) e não aproveita quase nenhuma das vantagens tecnológicas conseguidas nos últimos 25 anos. Para desligar, é preciso carregar na própria Nintendo e fazer aquilo a que as consolas modernas nos poupam: levantar do sofá.

Defeitos de parte, a mini Super Nintendo é mais uma aposta ganha da gigante japonesa no poder da nostalgia. Vem com dois comandos para poder dar mais uma alegria ao seu mais-que-tudo geek: jogar com ele. Ele vai amá-la ainda mais por causa disso e nem precisa de saber jogar muito bem (vá lá, não são assim tantos botões…). A mini Super Nintendo usa o mesmo plástico da original e promete até agradar os geeks mais novos, que nunca souberam o quão difíceis os jogos eram.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mini Super Nintendo. O Super Mario de 1992 em 2017? Sim, claro que sim

À venda em lojas e sites de produtos eletrónicos. A Media Markt tem à venda por menos de 80 euros, segundo o comparador de preços kuantokusta.

Para parecer que tem vozes na cabeça

Qualquer geek que se preze já desejou ter uns headphones discretos que fazem inveja ao James Bond. O futuro é sem fios e a Samsung deu mais um passo em direção ao que vem aí. Os Samsung Gear Icon X (2018) melhoram em tudo em relação à última edição dos auriculares sem fios: têm maior autonomia, são mais resistentes e a caixa é mais compacta. Resultado? Os auriculares bluetooth quase perfeitos.

Por serem virados para desporto, este phones sem fios conseguem ser ergonómicos e agradar quem gosta de ouvir música mas acha os mais convencionais (que parecem uma bandolete) desconfortáveis. Vêm com pormenores como espaço para música nos próprios auriculares (quatro gigabytes) e controlos táteis para não precisar de andar com um smarphone atrás se o objetivo é só ouvir música. E não desespere se parecer que o seu geek fala sozinho ao usar estes headphones, com microfone funcionam também como headset para chamadas.

Podíamos dizer que é o presente perfeito, mas também tem defeitos. O mais notável é o preço: 230 euros. Além disso, só se podem usar com smartphones (não importa se Android ou iPhone) e não são opção para ver vídeos (há sempre um atraso no som, devido à tecnologia usada). No entanto, em tudo o resto, é, provavelmente, dos gadgets mais cool que por aí andam.

À venda em lojas e sites de produtos eletrónicos. Esta nova versão custa cerca de 230 euros nas principais retalhistas.

Quem disse que não pode ouvir Chopin no lugar 23F de um Airbus A319?

É comum dizer-se que só nos apercebemos de como precisamos de uns auscultadores mais caros quando experimentamos (ou compramos) uns. É verdade, mas a mesma ideia também se aplica a uma tecnologia absolutamente revolucionária: o cancelamento de ruído ativo. A versão mais recente dos auscultadores Bluetooth da BOSE — os Quiet Comfort QC 35 — juntam as duas coisas: qualidade de som acima da média, mesmo com ligação sem fios, e um noise cancelling que torna um pouco mais suportável uma viagem de avião ou num dos barulhentos comboios da Grande Lisboa.

Estes auscultadores (ou outros no mercado, como os Sony MDR-1000X) são a única forma de ouvir um recital de piano enquanto está sentado no lugar 23F de um Airbus A319, mas não estranhe se lhe parecer que está num cenário de guerra quando os tirar para dizer à assistente de bordo se prefere café, chá ou água com bolhinhas. A tecnologia funciona como um negativo de uma fotografia: os microfones captam os sons ambiente, como o motor do avião, e reproduzem a frequência inversa para os seus ouvidos, sem que o utilizador note — o resultado é o silêncio quase absoluto.

Além de permitirem desfrutar da música ou do som do filme, protegem os seus ouvidos de sons intensos — a sua saúde agradece. Podem ser usados horas a fio, porque as almofadas são muito confortáveis e a bateria dura 20 horas, segundo a marca. Pena é que não seja possível substituir a bateria de lítio, porque fica a sensação de que a bateria, mesmo que seja de boa qualidade, vai começar a perder capacidade muito antes de os auscultadores se tornarem obsoletos.

Os BOSE Quiet Comfort 35 estão à venda nas principais lojas por 379,99 euros.

Não precisa de gastar muito dinheiro para ter um “smartwatch” básico

Os smartwatches mais conhecidos exigem um investimento significativo e têm um grave problema: são mais um gadget que é preciso ligar à bateria todas as noites (alguns nem duram tanto). Para algumas pessoas, pode ser suficiente uma solução bem mais barata e com muito menor manutenção — e é possível que já tenha visto algumas pessoas optarem pelas chamadas “braceletes inteligentes”: algumas marcas chinesas com a Xiaomi e a Mpow têm algumas boas opções, a menos de 30 euros.

A nossa recomendação é a gama de braceletes Mpow, porque têm algumas vantagens importantes em relação à mais vendida neste segmento (a Xiaomi Mi Band 2). As Mpow têm um pouco mais de atenção aos detalhes e à qualidade de construção. A borracha da bracelete é mais trabalhada, com frisos que lhe dão um ar elegante, um botão lateral para ligar e desligar o ecrã e o botão frontal touch identificado com um círculo discreto. Esta smartband tem monitor de ritmo cardíaco, função de alarme por vibração, monitorização do sono e contador de passos e calorias.

A bateria não será um problema, visto que estes equipamentos aguentam várias semanas sem serem carregados (neste caso, cerca de duas, três semanas) mas, quanto à contagem de passos, houve aqui algo que falhou. A pulseira não parece ser muito eficaz, contudo, na contagem de passos. Até chegámos a constatar uma intrigante diminuição do número total indicado.

O que distingue as Mpow é que são capazes de identificar quem o está a tentar contactar em qualquer plataforma (Whatsapp, SMS, chamada, Facebook, etc.). Outras apenas mostram um ícone de chamada, por exemplo, o que faz imensa diferença: vai poder correr, caminhar ou conduzir e, com uma vibração gentil mas eficaz, ficar a saber quem está a contactá-lo (e espreitar o conteúdo da mensagem) — e só aí decidir se é importante ir ao smartphone ou não. Além disso, se não tiver sono muito pesado e quiser experimentar acordar com ela (sem incomodar quem estiver a dormir ao lado), o alarme de vibração é ótimo: insistente e eficaz. Só não convém molhar (muito).

Há várias versões desta “smart bracelet” na Amazon britânica. Todas rondam as 20 libras, mais portes, pelo que consegue ter uma por menos de 30 euros.

Porque há uma dimensão em que este artigo o está a ler a si

Podíamos dizer mil e uma razões a explicar o porquê de uma arma de brincar de plástico que projeta a imagem de um portal verde ser um presente que agradará a demasiada gente, mas para isso é necessário explicar o fenómeno da série de animação Rick e Morty que levou a manifestações em McDonald’s. É uma das séries da cultura pop com maior sucesso dos últimos tempos e vai apenas na terceira temporada. Na prática este gadget é útil para os fãs, que não são difíceis de encontrar atendendo à legião e fãs (e crítica) em torno da série. É a mais barata das nossas sugestões, mas promete horas de diversão (se calhar em várias dimensões diferentes).

Precisa de mais argumentos para justificar esta compra? O radialista/artista Nuno Markl, provavelmente a definição portuguesa de geek, comprou uma em setembro (e gabou-se disso no Facebook).

Sim, malta. Comprei uma portal gun no eBay.E funciona.

Posted by Nuno Markl on Monday, September 25, 2017

A Portal Gun do Adult Swim está à venda na Amazon e principais sites de vendas online por 25 dólares (22,3 euros, aproximadamente).

Bónus: Porque um livro é sempre um bom presente

Sejamos práticos, qualquer geek vai, no início, gostar mais de uma réplica 1:1 do martelo do Thor ou um gadget topo de gama do que de um livro. Não é por os livros não serem fixes, é por não se conectarem por Bluetooth a um smartphone ou terem luzinhas incandescentes. No entanto, o livro certo consegue sempre ser o melhor presente. E como este artigo é sobre objetos, a sugestão que deixamos é o novo livro do site de notícias online Quartz sobre 10 objetos que mudaram o mundo. The objects that power global economy é uma compilação das criações da humanidade que mudaram o mundo e, quer seja na estante ou na mesa de café, garantimos que é algo que qualquer geek vai gostar.

The Objects that Power Global Economy está à venda através do site próprio do Quartz para o efeito, por 29,36 euros. Pode também encontrar em livrarias com livros em inglês.