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O Galaxy Ring, da Samsung, deverá chegar ao mercado no segundo semestre deste ano

Bloomberg via Getty Images

O Galaxy Ring, da Samsung, deverá chegar ao mercado no segundo semestre deste ano

Bloomberg via Getty Images

Depois dos relógios, são os anéis a ficar inteligentes. Mercado vai “ganhar atenção” com entrada de Samsung e Apple

É um mercado pequeno, mas já está a levar mais marcas a querer pôr um anel no dedo dos entusiastas de gadgets. A promessa de vendas e de subscrições é o motor de interesse dos smart rings.

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O mistério surgiu quando o príncipe Harry surgiu em público, em 2018, com um círculo negro no dedo anelar. O que parecia ser um simples anel era, afinal, um smart ring da Oura, uma marca então pouco conhecida.

Harry foi uma das primeiras celebridades entusiastas do anel que mede sinais vitais e a qualidade do sono. No mundo da tecnologia, figuras como Mark Zuckerberg, patrão do Facebook, Jack Dorsey, fundador do Twitter, e Marc Benioff, da Salesforce, renderam-se à tendência. Em Hollywood, a Oura conquistou a atriz Gwyneth Paltrow e a famosa Kim Kardashian.

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Com o passar dos anos, os smart rings, segmento no qual a finlandesa Oura está hoje em dia numa posição de destaque, foram conquistando fãs um pouco por todo o mundo. E vai ter concorrência da pesada. Já que há mais empresas a quererem explorar este novo nicho no mundo dos wearables (os smartrings ou anéis inteligentes). Mais grossos do que um anel convencional, conseguem registar diversos dados vitais do utilizador, desde a temperatura do corpo até à pulsação,  através de pequenos sensores. Com a promessa de medições mais precisas, podem ser interpretadas numa aplicação no telefone. E com a vantagem de serem mais pequenos que os smartwatch ou as pulseiras de fitness — nem sempre de uso confortável,  principalmente na hora de dormir, apesar do investimento dos fabricantes para tornar estes equipamentos mais pequenos.

Os anéis são aparelhos “muito discretos, muito fáceis de usar e que permitem uma grande parte das funcionalidades de acompanhamento de sinais vitais”, sugere Francisco Jerónimo, vice-presidente da IDC para a área de dados e analítica, salientando o facto de ser “muito compacto”. “Há pessoas que não querem dormir com um smartwatch mas que querem ter acesso aos dados de sono. E um smartring dá essa possibilidade, sem o desconforto.”

Além disso, acrescenta Francisco Jerónimo, um smartwatch “tem de ser carregado praticamente todos os dias”, “normalmente à noite”. Já os anéis, mais pequenos e sem ecrã, têm de ser carregados com menor frequência. E como só registam dados, não há notificações e alertas.

“Num mundo que está cheio de ecrãs, as pessoas querem uma forma de limitar o tempo de exposição”, considera Kane McKenna, analista de dispositivos da consultora britânica CCS Insight. Apesar de ser um ponto positivo para algumas pessoas, essa é, no entanto, uma limitação para outros utilizadores. “Quando se tenta fazer o registo da atividade física, saber só com um olhar para o pulso quanto já caminhámos ou quão rápido estamos a ir é uma das principais razões para a compra de um smartwatch. Os anéis podem não servir esse público de uma forma tão automática.”

Os anéis têm diversos sensores para poder fazer a medição de dados do corpo, como a pulsação ou temperatura

Oura Ring

Um mercado ainda pequeno, mas que promete crescer

No ano passado, foram vendidos 882 mil anéis inteligentes em todo o mundo, segundo dados da consultora IDC fornecidos ao Observador. Uma gota no oceano dos dispositivos wearable, em que os campeões de vendas são os auriculares (310 milhões de unidades), seguidos dos smartwatches (161 milhões). Os smartrings, explica Francisco Jerónimo, representaram apenas 0,2% das vendas totais de 2023. “É um mercado de nicho, muito focado nas funcionalidades de saúde e de bem-estar”, mas que ainda assim “cresceu 35% em relação ao ano anterior”.

“É uma categoria interessante para os fabricantes porque representa mais uma fatia no segmento dos wearable”, explica Jerónimo. “O mercado tem vindo a crescer e continua a expandir-se, mas está muito focado nos smartwatches e auriculares. As empresas vão ter de olhar para outros segmentos, nem que seja para os mais pequenos.”

Os restantes analistas também sublinham a reduzida dimensão do mercado de smartrings, mas asseguram que a já confirmada entrada em cena da Samsung, com o Galaxy Ring previsto para o segundo semestre do ano, e os rumores sobre o interesse da Apple prometem uma viragem, como aliás aconteceu nos smartwatches. Além de registos de patentes da tecnologia, a Bloomberg avançou, no mês passado, que um smartring estará na lista de planos da Apple.

“A entrada da Samsung vai ter muito mais atenção e deverá crescer significativamente”, avança Avi Greengart, presidente e analista principal da consultora Techsponential. Kane McKenna, da CCS Insight, concorda: “Vai sem dúvida aumentar o interesse na categoria.”

“O mercado tem vindo a crescer e continua a expandir-se, mas está muito focado nos smartwatches e auriculares. As empresas vão ter de olhar para outros segmentos, nem que seja para os mais pequenos.”
Francisco Jerónimo, vice-presidente dados e analítica da IDC Europe

Atualmente, os smartrings têm preços médios na faixa dos 300 dólares, cerca de 277 euros. Abaixo do que é o preço médio de um smartwatch e, principalmente, de modelos mais caros nas opções da Samsung, Apple e da Garmin, nota Francisco Jerónimo, da IDC. E isto pode tornar os anéis mais interessantes para “quem não quer gastar tanto dinheiro”.

E, acredita, haver “uma série de marcas a entrar neste segmento fará com que os preços naturalmente caiam”. O Galaxy Ring, da Samsung, deverá rondar os “250/300 euros”, na ótica deste analista — até agora, a empresa não especificou preços. Os detalhes sobre o anel da Samsung são escassos – no final do lançamento do smartphone Galaxy S24 a empresa mostrou apenas um vislumbre do anel e expôs o produto no Mobile World Congress, em Barcelona.

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Por agora, sabe-se que também a Honor está a trabalhar num anel inteligente, de acordo com uma entrevista do CEO, George Zhao. “Internamente, temos este tipo de solução, estamos a trabalhar para que no futuro possam ter um anel da Honor”, disse à CNBC.

Anéis podem canibalizar vendas de smartwatches, mas também gerar subscrições

Os analistas do mercado tecnológico reconhecem que, de uma forma geral, poderá haver “alguma sobreposição de funcionalidades” entre os relógios e os anéis inteligentes, sugere Avi Greengart, da Techsponential.

Embora a Oura só venda anéis, muitas das outras marcas interessadas nesta tendência têm smartwatches no portefólio. Os anéis poderão roubar algumas das vendas? O analista Kane McKenna, da CSS Insight, acredita que sim, mas que empresas como a Samsung ou a Apple “estão conscientes da ameaça de canibalização” do segmento dos relógios.

“Os próximos um a dois anos vão ser interessantes porque vamos entrar num período em que, pela primeira vez, as empresas vão vender tanto relógios como anéis inteligentes”, continua. Terá de haver “atenção” em relação ao público-alvo e também “na forma como vão posicionar os dois produtos [no mercado] para limitar a ameaça”.

Francisco Jerónimo acredita que continuará a existir uma diferenciação entre os públicos dos dois produtos. “Quem quer um smartwatch quer ter funcionalidades mais avançadas”, seja de notificações ou de prática desportiva, enquanto quem procura um smartring poderá querer um gadget mais simples. “Mas também vai haver utilizadores que vão ter os dois. O anel como principal fonte de recolha para os sinais vitais e o relógio para tudo o resto”. O que poderá ser mais uma oportunidade para as empresas “expandirem o número de aparelhos por utilizador”, assegura.

O analista da IDC refere ainda outra oportunidade de negócio: a venda de subscrições, pegando justamente no exemplo da Oura, que tem uma subscrição mensal de 6 euros para garantir o acesso à análise de registos. “É uma oportunidade para vender serviços e a análise dos dados recolhidos”, detalha. Para já, quem comprar um anel não é obrigado a ter uma subscrição, mas este responsável admite que, no futuro, isso possa passar pelos planos das empresas. “Acredito que a Samsung também venha a disponibilizar uma subscrição com o anel.”

Oura é a senhora dos anéis, com 80% do mercado, e com quem se quer rivalizar

A finlandesa Oura, a empresa mais conhecida no segmento destes gadgets, está na ribalta desta categoria de nicho desde 2019. Nos dados da IDC, tinha em 2023 uma quota de mercado de 80%, muito à frente dos 12% da Ultrahuman, a responsável pelo Ring Air e a segunda marca mais vendida deste segmento.

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A primeira geração do Oura Ring, em 2016, era muito maior do que o modelo atual, já na terceira geração

AFP via Getty Images

A história da Oura, que já colocou os seus anéis nos dedos de várias celebridades, de Jennifer Aniston a Kim Kardashian, começa com uma campanha de financiamento coletivo (crowdfunding), em agosto de 2015. A startup pediu 100 mil dólares de financiamento, mas recebeu muito mais: 651.803 dólares vindos de mais de 2.300 pessoas.

A primeira versão do Oura Ring era bastante diferente da atual. O anel era muito maior, ocupando praticamente um terço do dedo. Agora, já na terceira versão, e com dois modelos, tem dimensões mais reduzidas e um corpo em titânio para garantir maior resistência, diz a empresa. Além do registo dos dados de saúde, a duração da bateria é um dos pontos mais destacados, com a promessa de uma carga a cada sete dias.

A empresa ganhou atenção em 2020, quando o anel foi incluído na lista de melhores invenções do ano para a revista Time. A inclusão na lista foi motivada pela parceria com a NBA, a liga de basquetebol norte-americana. Em julho de 2020, foi anunciado que os jogadores, treinadores e o staff iam passar a usar os anéis da empresa, com a liga a explicar que era uma forma de perceber as alterações no estado de saúde dos funcionários durante a pandemia. Na altura, foi noticiado que a NBA comprou mais de dois mil anéis à empresa finlandesa.

Já em 2022, fez uma parceria com a Gucci para vender um smartring com o aspeto da marca de luxo a cerca de 950 dólares.

A Oura, fundada em 2013 por Petteri Lahtela, Kari Kivelä e Markku Koskela, diz já ter vendido um milhão de anéis. Em agosto de 2022, estava avaliada em 2,5 mil milhões de euros, ao conquistar uma ronda de 25 milhões de euros. Depois de ditar a tendência, falta saber como vai reagir à chegada das gigantes.

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