A PSP divulgou, na passada terça-feira, um aviso na página de Facebook, relativo a um novo desafio altamente perigoso que invadiu as redes sociais. É um desafio viral que consiste na ingestão de cápsulas de detergente ou a sua colocação na boca — o objetivo é filmar e partilhar nas redes sociais.
No aviso, lê-se que as cápsulas “são altamente concentradas e projetadas unicamente para o seu fim”, devendo “ser armazenadas longe do alcance das crianças”.
As preocupações quanto aos vídeos publicados na internet têm crescido nos últimos tempos, principalmente porque mostram muitas vezes situações perigosas e incitam os utilizadores, na sua maioria crianças e jovens, a seguirem os mesmos caminhos. É o caso do novo “desafio das cápsulas de detergente” (“Tide Pod challenge”, em inglês), que mostra crianças a mastigarem cápsulas ou até mesmo a cozinhá-las em pizzas ou massas, como está publicado em vários posts nas redes sociais.
Are you trying to eat the tide pod pizza bro? pic.twitter.com/GMQlDrKgrD
— Derek Reed (@SactownKings916) January 18, 2018
Aquele que seria um meme inofensivo sobre como parecem bem e saborosas as cápsulas de detergente tornou-se, segundo o site The Verge, em algo perigoso, com um número cada vez maior de adolescentes a comerem as cápsulas e a filmarem o acontecimento. Na imprensa internacional lê-se que “as cápsulas atraem as crianças” por “cheirarem bem e serem coloridas”.
Só nos primeiros 15 dias de janeiro, avança a Time, já foram relatados 39 casos de adolescentes que utilizaram as cápsulas deste modo e de forma propositada. No ano passado houve um total de 53 casos e, em 2016, foram reportados 39.
Os perigos do “Tide Pod challenge”
As crianças que estiveram expostas a estas cápsulas foram hospitalizadas com vómitos, dificuldades de respiração e perda de consciência, mas é certo que as consequências podem ser bem piores. Desde 2012, foram relatadas oito mortes em crianças com menos de cinco anos, por ingerirem estes produtos.
Estas cápsulas são potencialmente tóxicas, uma vez que contêm etanol e peróxido de hidrogénio, que podem queimar a boca, o sistema digestivo e o estômago, de acordo com a Consumer Reports, podendo conduzir a graves dificuldades gastrointestinais.
A sua ingestão, segundo o Washington Post, pode provocar uma alteração na pressão sanguínea e frequência cardíaca, perda de consciência ou convulsões, e se o detergente entrar na corrente sanguínea pode mesmo ser fatal.
“Comer cápsulas de detergente é má ideia”
O aumento do número de adolescentes a aderir a este desafio viral está a alarmar os pais, os Centros de Controlo de Intoxicação nos Estados Unidos, mas também a companhia detentora do detergente Tide, a Procter & Gamble, e o YouTube.
A Procter & Gamble disse, num comunicado, que está “profundamente preocupada com as conversas relacionadas com o uso intencional e impróprio das cápsulas de detergente”, acrescentando que estas são feitas unicamente “para lavar a roupa”. A porta-voz Petra Renck afirmou que não devem ser utilizadas em qualquer brincadeira, “devem ser usadas corretamente e armazenadas em segurança”.
A empresa fez, na semana passada, uma campanha com Rob Gronkowski, onde o jogador de futebol americano da equipa New England Patriots desencoraja os jovens a seguir o exemplo, dizendo que comer as cápsulas é má ideia.
What should Tide PODs be used for? DOING LAUNDRY. Nothing else.
Eating a Tide POD is a BAD IDEA, and we asked our friend @robgronkowski to help explain. pic.twitter.com/0JnFdhnsWZ
— Tide (@tide) January 12, 2018
A Comissão de Segurança de Produtos de Consumo, nos Estados Unidos, já alertou também, através do Twitter, para o perigo do desafio.
Please don't eat laundry pods. Learn more ways to #preventpoison https://t.co/jjJGA8N1H4 pic.twitter.com/WxJFmeO3Y7
— US Consumer Product Safety Commission (@USCPSC) January 13, 2018
O YouTube já está a tomar medidas no sentido de remover os vídeos sobre o desafio das cápsulas de detergente. A companhia disse que “As Diretrizes da Comunidade do YouTube proíbem conteúdos que encorajem atividades perigosas que tenham risco inerente de danos físicos”, acrescentando que estão a trabalhar para remover que os vídeos “que violam as nossas políticas”.