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Depois de embarcar, a probabilidade de o avião onde viaja se despenhar é mínima. Ínfima até. É tão provável (0,000013%) que venha a ganhar o primeiro prémio do Euromilhões como a morrer (0,000014%) durante um voo. Mas quando o avião se despenha, é raro que se sobreviva ao acidente. Quanto tal acontece, e como vai descobrir nas histórias seguintes — algumas de portugueses ou em Portugal –, sobrevive quase sempre uma pessoa. Raramente são mais. Felizmente há casos (um deles na Madeira, em 1977) em que o são. Teorias há muitas sobre como sobreviver a uma queda; a escolha do lugar onde se sentar num avião é uma delas. Mas são apenas isso: teorias. É também por isso que a queda do avião que transportava o Chapecoense, na Colômbia, constitui quase um milagre dentro da tragédia: sobreviveram seis pessoas.

Madeira, Portugal (1977)

TAP 425 madeira 1977 queda

A pista do Aeroporto de Santa Catarina foi ampliada duas vezes após o acidente (D.R.)

“Sacadura Cabral”. Assim foi batizado o Boeing 727-200. Cabral foi um dos pioneiros da aviação portuguesa. Um malogrado pioneiro, que se despenharia sobre canal da Mancha e morreria. Também o Boeing 727-200 da TAP se haveria de despenhar na Madeira. Foi à época – e continua a sê-lo até hoje – a maior tragédia na história da aviação em Portugal: 156 passageiros e oito tripulantes perderiam a vida.

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Chovia intensamente naquela noite, 19 de novembro de 1977. O vento soprava forte. Mas o voo TAP Portugal 425, vindo de Bruxelas, fez-se ainda assim à pista do Aeroporto de Santa Catarina. Falhou a primeira aterragem. E falharia também a seguinte. O comandante João Costa, experiente, a voar para Funchal pela terceira vez no mesmo dia, teria de tomar uma decisão: ou tentaria uma terceira abordagem à pista, ou desviaria o voo para o Aeroporto de Las Palmas de Gran Canária. Tentou uma terceira abordagem à pista. Seria a derradeira. Às 21h48, o “Sacadura Cabral” sofreu uma hidroplanagem. Segundo um relatório interno ao acidente, a TAP detetou “acumulações de borracha” na pista, o que não permitiu o escoamento das chuvas. O avião saiu de pista e partiu-se em dois: a frente incendiou-se junto à praia, a traseira ficou em cima de uma ponte.

À época, os pilotos consideravam a pista do Aeroporto de Santa Catarina uma das mais perigosas do mundo, por ser curta. Tinha somente 1.600 metros de comprimento. Depois do acidente, foi ampliada duas vezes. Foram colocados pilares sobre o mar na sua ampliação. Hoje possui 2.781 metros.

Os cadáveres das vitimas estiveram durante dias (no edifício do aeroporto) à espera do reconhecimento por parte das famílias. E mais dias demoraria a trasladação dos corpos: não havia urnas suficientes na ilha da Madeira e estas foram encomendadas a funerárias do continente.

Sobreviveriam 33 passageiros. Um dos sobreviventes foi Daniel Duque, então com dois anos. Foi salvo por Emanuel Torres, que também seguia a bordo. Retirou-o da água e realizou-lhe respiração boca-a-boca. Daniel fez-se adulto. Não se recorda do dia do acidente. Mas não ponderou deixar de voar. Nunca. “Como não me lembro de nada, nunca tive medo de voar, apesar do acidente ser sempre motivo de conversa. Depois do acidente, e sempre que voava, os comandantes convidavam-me a visitar o cockpit. Era um privilégio”, recordaria.

Emanuel Torres foi condecorado pelo então primeiro-ministro Mário Soares.

Data: 19 de novembro de 1977
Avião: Boeing 727-200 (TAP)
Local: Funchal, Madeira
Mortos: 156 passageiros e oito tripulantes
Sobreviventes: 33 passageiros
Causas: Condições meteorológicas “muito desfavoráveis”

Jamba, Angola (1989)

joao soares angola aviao

João Soares quase perdeu a vida na queda do Cessna 340 em Angola (D.R.)

23 de Setembro de 1989. A bordo do Cessna 340 seguiam, além do piloto, três políticos vindos de Portugal: Rui Gomes da Silva, do PSD, Nogueira de Brito, do CDS, e João Soares, do PS. Tinham participado horas antes num congresso da UNITA. Soares vinha sentado no cockpit, ao lado do piloto. Foi ele, João Soares, quem alertou, logo após a descolagem, para um “problema técnico”. Foi também quem dos quatro sofreu os ferimentos mais graves. Esteve entre a vida e a morte durante dias, na África do Sul.

Todos os ocupantes sobreviveriam ao acidente na Jamba. Anos mais tarde, Rui Gomes da Silva, então deputado, recordaria o dia do acidente — no qual sofreu apenas escoriações ligeiras — como “uma experiência única na vida”. Diria da queda (que demorou “alguns segundos”) que foi algo “impossível de descrever em palavras”. Mas garantia: “Percebi que ia morrer ali. Depois disso, tem-se outra perspectiva da vida.”

Data: 23 de Setembro de 1989
Avião: Cessna 340 (Particular)
Local: Jamba, Angola
Passageiros e tripulação: Quatro
Sobreviventes: Quatro
Causas: Avaria mecânica

Cebu, Filipinas (1957)

philippines airplane crash 1957

Apenas o jornalista Nestor Mata sobreviveu à queda do C-47 Skytrain (Wikimedia Commons)

Morreria o presidente das Filipinas, Ramon Magsaysay. Morreriam vários oficiais das Forças Armadas do país também. Morreria toda a tripulação e quase todos os passageiros. Apenas um sobreviveria: o jornalista Nestor Mata.

Pouco depois de descolar do Aeroporto de Lahug em direção à base militar de Nichols Field, o C-47 Skytrain não ganhou altitude suficiente e despenhou-se nas montanhas, em Balamban. Nestor Mata seguia ao lado do presidente. De pouco ou nada se recorda, apenas de “um clarão”, perdendo a consciência em seguida. Quando a recuperou, estava tombado num penhasco, entre arvoredo denso. A primeira reacção de Mata foi procurar o presidente Ramon Magsaysay. Acabaria ele próprio descoberto por agricultores da região.

O transporte de Mata até ao hospital Southern Island, em Cebu, demoraria 18 horas — de tão acidentado que era o terreno nas montanhas. Sofreu várias fraturas, assim como queimaduras de segundo e terceiro grau. Mas sobreviveria. No hospital, e enquanto era socorrido, pediu a uma enfermeira que escrevesse uma carta e a enviasse ao jornal onde este trabalhava, o Philippine Herald. Nela se lia, logo no título: “O presidente Magsaysay morreu”.

Data: 17 de março de 1957
Avião: C-47 Skytrain (Philippine Air Force)
Local: Cebu, Filipinas
Passageiros e tripulação: 26
Sobreviventes: Um
Causa: Avaria mecânica

Puerto Inca, Peru (1971)

Juliane Koepcke

A história de sobrevivência de Juliane Koepcke chegou ao cinema, em documentário (Werner Herzog/Wings of Hope)

Era véspera de Natal. Após descolar de Lima e do Jorge Chavez International Airport — com direção a Pucallpa –, o Lansa Flight 508 terá sido atingido por um relâmpago, o que causou uma explosão a bordo. Despenhar-se-ia.

O voo seguia a 21 mil pés de altitude. A alemã Juliane Koepcke, então com 17 anos, foi a única sobrevivente do acidente. Caiu sobre a floresta tropical peruana, ainda presa ao assento onde seguia. Os restantes tripulantes e passageiros — 92 ao todo — não tiveram a mesma sorte. Juliane sofreu cortes profundos, fraturou a clavicula e rompeu os ligamentos num dos joelhos.

Com ela, e sentada a seu lado no Lansa Flight 508, seguia a mãe, que confidenciou após a explosão: “Isto é o fim, está tudo acabado!” Para Juliane Koepcke, não. Não era o fim. Tinha sido ensinada pelo pai a sobreviver em ambiente de privação: viviam numa estação de pesquisa, também numa floresta remota. Durante nove dias e nove noites vagueou pela floresta. Ao nono dia, e depois de descer o rio a nado, encontrou uma cabana. Abrigou-se nela. Deitou gasolina sobre uma das feridas (no braço) para remover os vermes. Sobreviveu. E seria descoberta por um madeireiro local.

Em 2008, a história de Juliane foi contada no documentário “Wings of Hope”, de Werner Herzog. Herzog deveria ter embarcado no mesmo voo que ela. Não o fez. Felizmente não o fez.

Data: 24 de dezembro de 1971
Avião: Lockheed Electra L-188A (Lansa Flight 508)
Local: Puerto Inca, Peru
Passageiros e tripulação: 92
Sobreviventes: Um
Causas: O avião foi atingido por um relâmpago, seguindo-se uma explosão a bordo

Hinterhermsdorf, Alemanha (1972)

Vesna Vulovic

Só a comissária de bordo Vesna Vulovic sobreviveu ao ataque terrorista (D.R.)

A bordo do JAT Yugoslav Airlines Flight 357 seguia uma bomba. A explosão seria mais tarde reivendicada pelo grupo terrorista Croatian Ustashe. Estávamos a 26 de janeiro de 1972.

O avião despenhou-se na fronteira da Checoslováquia com a Alemanha, em Hinterhermsdorf. 28 passageiros e tripulantes morreram na queda. Sobreviveria a comissária de bordo Vesna Vulovic, sérvia de 22 anos. Sobreviveu, mas quase por milagre. Depois da explosão, foi projetada para a cauda do avião DC-9, sendo depois abalroada por um carrinho do serviço de catering. Ficou em coma. As lesões eram profundas, o crânio teve uma fratura, três vertebras ficaram partidas, bem como as duas pernas. Nunca ninguém sobreviveu a uma queda de 33 mil pés. Vesna Vulovic, sim.

Ao chegar ao local do acidente, numa zona montanhosa e de acesso dificil, um alemão socorreu Vesna. O homem fora médico na Segunda Guerra Mundial. Vesna despertaria do coma e recuperaria o uso das pernas. E continuou a trabalhar na JAT Yugoslav Airlines. E a voar. “Não tenho medo”, confessaria. Mas Vesna Vulovic nunca deveria ter seguido naquele voo. Outra comissária, também Vesna, foi enviada para o voo onde Vulovic deveria ter seguido — e que não se despenhou. Um engano que quase lhe roubou a vida.

Data: 26 de janeiro de 1972
Avião: McDonnell-Douglas DC-9 (JAT Yugoslav Airlines Flight 357)
Local: Hinterhermsdorf, Alemanha
Passageiros e tripulação: 28
Sobreviventes: Um
Causa: Terrorismo

Cordilheira dos Andes, Peru (1972)

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O canibalismo permitiu que sobrevivessem 72 dias na Cordilheira dos Antes (D.R.)

É um dos acidentes aéreos mais conhecidos da história. Sobretudo pelo relato de sobreviência que lhe está associado. A 13 de outubro de 1972, um avião da Força Aérea uruguaia com 45 passageiros a bordo despenhava-se na Cordilheira dos Andes. Depois de 10 dias de buscas por sobreviventes e vítimas, as equipas de resgate concluíram: ninguém sobreviveu à queda.

Sim, houve sobreviventes: dos 45 passageiros — incluindo uma equipa de rugby, familiares e amigos desta –, 29 sobreviveram à queda. E sobreviveram a tudo: ao frio, à fome, a uma altitude de 3.600 metros. Chamaram-lhe o “Milagre dos Andes”. Milagre ou não, só seriam resgatados com vida 16 passageiros, o último deles a 23 de Dezembro de 1972, mais de dois meses após o acidente.

Oito dos que resistiram à queda do avião, morreriam depois de uma avalhanche ter atingido os destroços do avião onde se abrigavam, 16 dias depois do acidente. Outros morreram mais tarde, devido aos ferimentos. Os que sobreviveram, alimentaram-se dos cádaveres dos mortos. Até que dois dos tripulantes, Fernando Parrado e Roberto Canessa, depois de dez dias a caminhar nos Andes em busca de ajuda, conseguiram encontrar um vaqueiro e alertaram as autoridades.

A história do acidente e dos seus sobreviventes foi contada em livro sete vezes, e outras sete adaptada ao cinema. O filme mais conhecido é “Alive”, de 1993.

Data: 13 de outubro de 1972
Avião: Fairchild FH-227D (Força Aérea uruguaia)
Local: Cordilheira Andes, Peru
Passageiros e tripulação: 45
Sobreviventes: 16
Causas: Ventos fortes; erro humano

Nevada, Estados Unidos (1985)

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George Lampson Jr. foi o úncio sobrevivente da queda do Lockheed Electra 188 (Sal Veder/Associated Press)

George Lamson Jr. tinha 17 anos. Sentou-se ao lado do pai no voo Galaxy Airlines Flight 203. Este seguia de Reno para Minneapolis. Com eles, viajavam outras 69 pessoas, entre tripulantes e passageiros. Só George sobreviveu à queda do avião.

Pouco antes de descolar, trocou de lugar com o pai, sentando-se ao lado da janela. Os dois estavam sentados junto da saída de emergência. Uma troca que lhe salvou a vida. Após a descolagem, o avião começou a oscilar, a asa direita mergulhou e o avião fez uma curva acentuada. George Lamson Jr. colocou a cabeça junto do pescoço. Naqueles minutos de queda, rezou.

Foi catapultado para fora do avião, em direção à auto-estrada. Depois, ergueu-se e correu para a vegetação. Uma decisão que lhe voltaria a salvar a vida, pois os destroços do avião explodiriam pouco depois. Inicialmente, três pessoas sobreviveram, incluindo o pai de George. Mas morreriam dias depois, vítimas dos ferimentos.

Data: 21 de janeiro de 1985
Avião: Lockheed Electra 188 (Galaxy Airlines Flight 203)
Local: Reno, Nevada
Passageiros e tripulação: 71
Sobreviventes: Um
Causas: Erro humano

Detroit, Estados Unidos (1987)

Cecelia Cichan

Cecelia perdeu os pais e o irmão no acidente (Ky Dickens/Sole Survivor)

Hoje traz no braço, junto ao pulso esquerdo, um avião tatuado. Fê-lo para nunca se esquecer do dia em que sobreviveu à queda de um. Mas memórias, não tem. Nenhuma. A 16 de agosto de 1987, Cecelia Cichan tinha apenas quatro anos. 154 pessoas morreram na queda. A mãe, o pai e o irmão mais velho (seis anos) de Cecelia morreriam também. Cecelia foi encontrada debaixo do assento, ao lado do corpo da mãe. Hoje é casada. E psicóloga. Sente-se, diz, “inferior” aos que faleceram no voo: “Eu acordei no hospital; eles não”.

Data: 16 de agosto de 1987
Avião: McDonnell Douglas MD-82 (Northwest Airlines)
Local: Romulus, Michigan, Detroit
Passageiros e tripulação: 155
Sobreviventes: Um
Causas: Erro humano

Bogota, Colômbia (1995)

Erika Delgado

A queda de Erika foi amparada pelas algas de um pântano (D.R.)

O avião DC-9 da Intercontinental Airlines sofreu uma explosão no ar. O piloto tentou uma amaragem de emergência num pântano. Falhou. Despenhou-se num descampado e parte dos destroços ficou lá. Outra parte caiu sobre a água.

Um agricultor de Maria La Baja ouviu gritos. Eram de Erika Delgado, colombiana de nove anos. Tinha caído sobre um monte de algas, o que amparou a queda e lhe salvaria a vida. Foi a única sobrevivente de um acidente aéreo que a deixaria orfã. Erika e os pais (também o irmão morreu na queda do avião) viajavam de Bogotá até um resort em Cartagena, para passar férias. Erika contaria aos socorristas que a mãe a empurrou para fora o avião logo após a explosão, quando este se separou em dois. A menina sobreviveria à queda apenas com um braço partido.

Mas a história tem também contornos macabros. A primeira pessoa a encontrar Erika não foi um agricultor, mas sim saqueadores, que lhe roubaram um cordão de ouro que o pai lhe oferecera e trazia ao pescoço.

Data: 13 de janeiro de 1995
Avião: DC-9 (Intercontinental Airlines)
Local: Maria La Baja, Bogota, Colômbia
Passageiros e tripulação: 52
Sobreviventes: Um
Causas: Desconhecidas

Port Sudan, Sudão (2003)

Three-year-old Sudanese boy Mohammed al-Fateh, the sole survivor of a Sudan Airways plane crash near the eastern city of Port Sudan, is treated at a Khartoum hospital 09 July 2003. Doctors were mystified as to how the boy, who was burned and lost part of a leg, had survived the previous day's crash near Sudan's Red Sea coast, speculating that he was thrown clear of the plane on a piece of wreckage and may have landed on a bush. The Sudan Airways Boeing 737 was destroyed in a ball of fire as it attempted to land back at Port Sudan after apparently suffering an engine problem soon after takeoff. (Film) AFP PHOTO/Salah OMAR (Photo credit should read SALAH OMAR/AFP/Getty Images)

Mohammed sofreu queimaduras severas no rosto e mãos (SALAH OMAR/AFP/Getty Images)

Apenas dez minutos depois da descolagem em Port Sudan, a nordeste da capital Cartum, o piloto contactou a torre de controlo. Um motor falhara e tinha que regressar à pista. Tentaria uma aterragem de emergência. Porém, não chegou à pista. Despenhou-se antes. Quase todos os passageiros (bem como a tripulação) perderam a vida. Apenas um dos passageiros sobreviveu: Mohammed el-Fateh Osman, de três anos. Ficaria sem parte de uma perna, sofreu queimaduras severas, mas sobreviveu. Foi encontrado por um nómada, tombado sobre uma árvore.

Os corpos das vítimas foram enterrados numa vala comum. O Sudão culpabilizou os Estados Unidos pela queda. O embargo ao Sudão não terá permitido a compra de peças para a manutenção do Boeing 737. Os Estados Unidos refutaram tal acusação, garantindo que o embargo não se estendia ao equipamento de aviação.

Data: 8 de julho de 2003
Avião: Boeing 737 (Sudan Airways)
Local: Port Sudan, Sudão
Passageiros e tripulação: 116
Sobreviventes: Um
Causas: Desconhecidas

Kentucky, Estados Unidos (2006)

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Jim Polehinke sobreviveu com lesões graves e a reputação de culpado (Michael Hayman/Reuters)

Só o co-piloto Jim Polehinke sobreviveu à queda. Entre tripulação e passageiros, morreram 49 pessoas. Polehinke viu ser-lhe amputada uma perna. Teve multiplas fraturas e a perfuração de um pulmão. Sofreu igualmente lesões cerebrais graves. Pior: passou os anos seguintes a recuperar… e a defender-se das acusações. Teria sido ele o responsável pela queda. Uma queda que resultou de uma má decisão. O avião Comair Flight 5191 deveria descolar da pista 22 do aeroporto de Blue Grass, no Kentucky. Os pilotos (Jim Polehinke e Jeffrey Clay, que morreria) optaram pela pista 26, mais curta — muito mais curta. Tão curta, que o avião não ganhou altitude suficiente para descolar e despenhou-se para lá desta. Nunca chegou a Atlanta, o destino.

Data: 27 de agosto de 2006
Avião: Bombardier Canadair Regional Jet CRJ-100ER (Comair)
Local: Lexington, Kentucky
Passageiros e tripulação: 50
Sobreviventes: Um
Causas: Erro humano