Free Speech: Ten Principles for a Connected World, por Timothy Garton Ash (Atlantic Books, 2016), é a minha primeira sugestão de leituras para o Natal que se avizinha. Falei dele aqui a 30 de Maio, dando conta do lançamento da obra em Oxford. O autor esteve depois no Estoril Political Forum, em Junho, onde voltou a apresentar o livro num painel presidido pelo Presidente da Câmara de Quelimane, Moçambique. Trata-se de uma firme e enérgica defesa da liberdade de expressão, contra todos os fanatismos, qualquer que possa ser a sua cor política particular.

Outro alerta veemente contra os ventos autoritários que sopram no mundo é Authoritarianism Goes Global: The Challenge to Democracy, editado por Larry Diamond, Marc F. Plattner e Christopher Walker (John Hopkins University Press, 2016). O livro também foi apresentado no Estoril Political Forum, logo no painel de abertura, com duas detalhadas denúncias das estratégias autoritárias da China e da Rússia (publicadas em seguida na edição 60 da revista Nova Cidadania.

Mas as ameaças à liberdade de expressão e à democracia não vêm apenas dos regimes autoritários abertamente anti-liberais. Nas democracias ocidentais cresce um movimento de censura de todas as vozes discordantes — sobretudo promovido pela extrema-esquerda e sobretudo nas universidades. Desse fenómeno e das suas raízes intelectuais dá conta o último livro de Kim Holmes, The Closing of the Liberal Mind: How groupthink and intolerance define the left (Encounter Books, 2016). O autor discutirá o livro no próximo Estoril Political Forum, previsto para 26-28 de Junho de 2017. Mas vale a pena lê-lo, mesmo antes do evento.

Sobre temas internacionais, temos ainda uma invulgar selecção de autores nacionais. Duas excelentes teses de doutoramento no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica foram recentemente publicadas: Luís Villa de Brito é o autor de Nato e União Europeia, Uma Cooperação Inadiável: As relações transatlânticas no século XXI (Diário de Bordo, 2016); Cristiano Cabrita publicou O Neoconservadorismo e a Política Externa Norte-Americana (Chiado Editora, 2016). Carlos Gaspar, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-UNL) publicou O Pós-Guerra Fria (Tinta da China, 2016), um imponente estudo sobre a evolução mundial após a queda do Muro de Berlim e os sérios desafios actuais.

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Na frente doméstica, dois títulos merecem particular destaque. Da Direita à Esquerda: Cultura e Sociedade em Portugal, dos Anos 80 à Actualidade, de António Araújo (Saída de Emergência, 2016), constitui um singular roteiro sociológico sobre a “não esquerda” entre nós. João Luís César das Neves escreveu um livro preocupante, que todos devíamos ler: As 10 Questões do Colapso. Portugal: A provável derrocada financeira de 2016-2017.

Finalmente, dois livros particularmente adequados à época natalícia. Em Joga-se Aqui O Essencial: um olhar sobre o que somos (Assírio & Alvim, 2016), D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, convida-nos à reflexão, na sua habitual voz tranquila e erudita, sobre alguns dos principais aspectos da mensagem Cristã. Um olhar histórico sobre o papel crucial que essa mensagem teve e tem na civilização ocidental é proporcionado por Nick Spencer em The Evolution of the West: How Christianity has shaped our values (SPCK, 2016).

Votos de boas leituras, de Feliz Natal e de Bom Ano Novo (conto estar de regresso a 9 de Janeiro).