O papa Francisco chegou este sábado à Terra Santa, numa visita oficial em que pretende relançar o diálogo inter-religioso. Para o chefe da Igreja católica, o diálogo inter-religioso pode aproximar campos políticos irreconciliáveis e mostrar que a religião não é um fator de ódio.
Em Amã, primeira etapa da deslocação, Francisco vai presidir a uma missa no estádio da capital e encontrar-se com 600 deficientes e refugiados, muitos oriundos da Síria, depois de ser recebido pelo rei Abdullah II. Está também prevista uma cerimónia no rio Jordão, onde Jesus Cristo terá sido batizado.
Da Jordânia, Francisco segue diretamente, de helicóptero, para Belém, na Cisjordânia.
Depois de um encontro com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, um automóvel descoberto vai levar Francisco à praça da Manjedoura, para a maior missa da viagem. O papa vai ainda rezar na gruta da Natividade, entre um pequeno-almoço com famílias pobres e uma etapa no campo de refugiados palestinianos de Dheisheh.
No domingo à tarde começa a visita de Francisco a Jerusalém, onde o papa se vai encontrar com os patriarcas católicos e ortodoxos na basílica do Santo Sepulcro, onde está, de acordo com a tradição, o túmulo de Cristo, para uma oração comum, sem precedentes.
No último dia, visita a Esplanada das Mesquitas, Cúpula do Rochedo (Grande mesquita de Jerusalém) e o Grande Conselho dos Muçulmanos, o Muro das Lamentações, onde deixará uma mensagem e, no cemitério do monte Herzl (do nome do fundador do sionismo Theodor Herzl) uma coroa de flores – uma estreia para um papa.
Uma missa no Cenáculo, local da Última Ceia de Cristo, vai concluir a viagem, num local onde se encontra também o túmulo do rei David.
“Esta vai ser uma viagem estritamente religiosa, primeiro para um encontro com (o patriarca de Constantinopla) Bartolomeu: Pedro e André vão encontrar-se uma vez mais, e isso é muito bom”, afirmou Francisco, numa referência aos dois apóstolos de Jesus, que representam respetivamente a Igreja de Ocidente e a Igreja de Oriente, disse o papa na quarta-feira.
Mas o Vaticano reconheceu na sexta-feira que a visita de Francisco pode também ser política, com o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, a afirmar que o papa deve afirmar o direito de Israel a existir e à paz, tal como o direito dos palestinianos a uma nação “soberana e independente”.
A ausência de uma solução política entre palestinianos e israelitas, a guerra na Síria e milhões de refugiados nos países vizinhos, as tensões e violências no Iraque e Egito compõem o pano de fundo em que decorre a visita.