O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) Vítor Reis disse à Lusa que se realizaram reuniões com o vice-presidente, Fernando Medina, e com o vereador da Limpeza Urbana [da Câmara Municipal de Lisboa], Duarte Cordeiro, na quarta e na quinta-feira, nos Paços do Concelho, e que nesses encontros o município “apresentou uma proposta de entrada imediata de pessoal, de 75 mais 25” para o setor da limpeza urbana.

Outro dirigente, Frederico Simões, da direção regional de Lisboa do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), acrescentou que estes 100 trabalhadores devem começar até ao final de junho, e realçou que, enquanto os primeiros 75 terão uma avença, os restantes serão contratados através do chamado Contrato Emprego-Inserção (CEI), do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Os dois sindicatos, que estiveram reunidos na sexta-feira à tarde, decidiram assim manter o pré-aviso de greve para 12 de junho, dia em que decorrem os Casamentos de Santo António e o desfile das marchas populares, na véspera do feriado municipal, por considerem a proposta “insuficiente” e que, no caso do CEI, não “dignifica” os funcionários. Vítor Reis salientou o “esforço positivo” da Câmara Municipal, mas explicou que este é o “único [ponto] que é mais ou menos satisfeito”, de todos os que foram apresentados aquando da convocação da greve. Já Frederico Simões, do STAL, lamentou que a proposta tenha surgido numa “situação limite”, isto é, perante o aviso de paralisação.

Entre as outras reivindicações estão a falta de condições laborais, e as pressões feitas aos trabalhadores para completar o serviço, também resultantes do elevado número reclamações apresentadas na autarquia sobre a questão do lixo. O sindicalista do STML explicou à Lusa que a greve se estende aos vários setores da Câmara, visto que em todos “há défice de pessoal”, nomeadamente no caso dos sapadores bombeiros. Contudo, quanto a esta questão “não há nenhuma intenção” de resolução, adiantou Vítor Reis.

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Questionado pela Lusa, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, explicou numa resposta escrita que esta é uma “antecipação e reforço da medida” elaborada pela autarquia, que previa a admissão de 150 trabalhadores para a área da limpeza em três anos, 50 por ano. “Agora teremos a admissão imediata de 100 e a abertura de concurso para 75 (que só entrarão no próximo ano)”, clarificou Fernando Medina. Sobre o facto de o protesto ocorrer durante as festas da cidade, o autarca assegurou que a Câmara “tomará as medidas necessárias a minorar os impactos da greve sobre a população e sobre os festejos”.

A descentralização das competências da limpeza urbana da Câmara Municipal de Lisboa para as juntas de freguesia levou à saída de 650 cantoneiros e de outros 250 funcionários de tarefas relacionados com a limpeza urbana, segundo números dos sindicatos. Antes da reforma administrativa, a remoção, lavagem e varredura das ruas eram feitas pela autarquia, sendo que apenas as duas últimas tarefas transitaram para as juntas. A remoção continua sob a alçada da Câmara, e de acordo com Frederico Simões “todos os dias ficam cerca de 15 circuitos de remoção por serem feitos”.

“A cidade está mais suja e com problemas” a este nível, concluiu o dirigente do STAL.