O defesa Marcelo, da seleção do Brasil, foi alvo de ofensas racistas via Twitter após ter feito um autogolo no jogo de abertura do Mundial de futebol de 2014, contra a Croácia, na quinta-feira.

“O Marcelo que fez o golo tinha que ser preto mesmo (nada contra)”, escreveu um utilizador. “Marcelo tinha que ser preto mano”, escreveu outra, após o lance infeliz do jogador do Real Madrid, num encontro que o Brasil acabou por ganhar por 3-1.

A reação gerou debate na rede social, com opiniões que reforçavam os insultos e outros que defendiam o futebolista ou condenavam o racismo.

As ofensas surgem pouco mais de um mês após diversos brasileiros se envolverem na campanha “Somos Todos Macacos”, contra ao preconceito racial, idealizada por publicitários e lançada após o futebolista Daniel Alves, da seleção brasileira e do FC Barcelona, comer uma banana que lhe foi lançada das bancadas quando se preparava para marcar um canto num jogo da liga espanhola.

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A contradição mostra que o problema do racismo subsiste no Brasil, apesar de ser um país multirracial e possuir 50,7% da população negra ou mestiça (denominada parda), segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

O racismo no Brasil é um crime inafiançável e imprescritível, aplicado quando há conduta discriminatória dirigida a um grupo ou coletividade. Também está prevista no código penal, mas de forma mais branda, a injúria racial, ou seja, ofender a honra de alguém com elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem.

As ofensas a Marcelo repercutiram-se bastante na imprensa brasileira e levantaram um debate também sobre a desigualdade de rendimento, já que a maioria dos adeptos que pôde assistir à partida de quinta-feira no estádio, pagando os altos preços dos ingressos, era branca.