Os pais dos estudantes que morreram na praia do Meco em dezembro de 2013 lamentaram neste domingo o silêncio das autoridades responsáveis pelo processo e pediram à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que os ajude “a descobrir a verdade”. Pais e familiares dos seis jovens estudantes da Universidade Lusófona que morreram na praia do Meco na madrugada de 15 de dezembro de 2013 assinalaram neste domingo, junto à PGR, em Lisboa, os seis meses do acontecimento.

Os estudantes integravam a Comissão Oficial de Praxes da Universidade Lusófona e, dos que se encontravam na praia do Moinho de Baixo, no Meco, concelho de Sesimbra, naquela madrugada, houve apenas um sobrevivente, João Gouveia. Na porta da PGR, os pais colocaram um ramo de flores e fizeram seis minutos de silêncio, um por cada jovem, num momento de grande emoção e com muitas lágrimas. A data foi ainda assinalada com uma missa em memória das vítimas na Igreja de S. Mamede, junto à PGR.

Fernanda Cristóvão, mãe de uma das vítimas, disse aos jornalistas que os pais escolherem a PGR para assinalar os seis meses do desaparecimento dos filhos, “porque está nas mãos do procurador [de Almada] a investigação”. Lamentando não perceber os motivos pelos quais o processo ainda está em segredo de justiça, explicou que deixaram na PGR uma mensagem dos filhos: “os nossos pais pedem que os ajudem a descobrir a verdade e que se faça justiça”.

“Já passaram seis meses e o processo ainda continua em segredo de justiça, tudo aquilo que nós sabemos é através da comunicação social”, lamentou. Fernanda Cristóvão adiantou que os pais não acreditam que a Policia Judiciária tenha arquivado o processo, tal como o jornal Correio da Manhã noticiou no sábado.

“Não acreditamos que, com tantas evidências, o senhor procurador tenha coragem de arquivar o processo”, disse, sublinhando que os pais “não têm qualquer dúvida de que se tratou de um ritual de praxe”. E acrescentou: “Agora é preciso ter coragem e pôr cá fora. Coragem de assumir quem o fez, quem submeteu aqueles jovens ao perigo, e haja coragem da parte do senhor procurador e da PJ”, frisou, dando conta que, passados seis meses, nunca foram contactos pelo único sobrevivente e seus familiares, nem pela Universidade Lusófona. “É desumano o que a faculdade tem feito, eu sei que é uma faculdade privada, que é o dinheiro que está em causa, mas é uma desumanização”, lamentou.

O advogado das famílias, Vítor Parente, disse à agência Lusa que ainda não foram contactados sobre a decisão da PJ, adiantando que existia um prazo indicativo até ao fim de maio para a conclusão do processo, mas o Ministério Público também tem de dar o seu parecer. Vítor Parente explicou que o MP pode, ou não, seguir o entendimento da PJ. Os pais das vítimas do Meco questionados se vão desistir do processo, responderam: “Nunca. Nunca se desiste de um filho”.

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