A seleção nacional. Será este o maior foco de atenção durante o Mundial 2014, claro. No Brasil, porém, vão andar outras três seleções que o Observador também escolheu para ir acompanhando mais de perto: a brasileira, anfitriã e pentacampeã do mundo, a espanhola, rainha em título na Europa e no Mundo e, por último, a belga, que reúne talvez a fornada mais promissora de jogadores. Por isso, resolvemos traçar um breve perfil de cada uma delas.
A cor não se perdeu. O sentido do nome, porém, foi-se perdendo. Os Diabos Vermelhos, a versão futebolística que, na década de 80, a Bélgica ensinara o mundo a temer, esfumara-se. Durante anos, jogar contra os belgas era tudo menos um inferno. Até que as brasas recomeçaram a aquecer. E perdeu-se a conta às acendalhas que iam aparecendo, em forma de adolescentes como Lukaku, Hazard, De Bruyne, Kompany, Vermaelen ou Witsel, que começaram a crescer. E a jogar. Muito.
A caminhada para o Europeu de 2012 foi um teste. Ficariam em 3.º na qualificação, atrás da Turquia e da Alemanha. Quando o alvo passou a ser o Brasil e o seu Mundial, nada os parou. Oito vitórias, dois empates, 18 golos marcados, quatro sofridos e 26 pontos amealhados até à liderança do seu grupo. E o mundo voltava a prestar atenção. Hoje é difícil encontrar no 11 belga um jogador a quem não se reconheça apetência para jogar nos melhores clubes europeus.
Não acredita? Então veja a equipa que deverá alinhar no Brasil – Thibault Courtois (Atlético de Madrid); Toby Alderweireld (Atlético de Madrid), Vincent Kompany (Manchester City), Daniel Van Buyten (Bayern de Munique) e Jan Vertoghen (Tottenham); Axel Witsel (Zenit), Moussa Dembelé (Tottenham) e Marrouane Fellaini (Manchester United); Eden Hazard (Chelsea), Kevin DeBruyne (Wolfsburgo) e Romelu Lukaku (Chelsea). À exceção de Van Buyten, todos têm menos de 28 anos e integram a sexta seleção mais valiosa do Mundial – avaliada em cerca de 379 milhões de euros.
Eden Hazard. É extremo, gosta de se encostar no lado esquerdo do campo, à espera da bola. E quando ela chega, a magia acontece. Aos 23 anos, o pequeno (1,73m) destro já é perito a inventar formas de ultrapassar adversários e tabelar com companheiros que, depois, lhe devolvam a bola a jeito para rematar à baliza. Há duas épocas que faz isto no Chelsea: já leva 111 jogos, 30 golos e 31 assistências. No Brasil aparecerá na sua primeira grande competição com a Bélgica.
Marc Wilmots. Um velho conhecido. Em 2002, foi o capitão da seleção belga que ainda espreitou o Mundial da Ásia, dividido entre o Japão e a Coreia do Sul. Marcou cinco golos entre os dois campeonatos do mundo (também esteve em 1998) em que participou e está desde 2012 no banco da seleção belga. Tem o hábito de organizar o talento que tem num 4-3-3, onde reina a ordem de atacar rápido e com quatro ou cinco jogadores sempre a trocarem de posições. Tem 45 anos e tem contrato para ficar com esta fornada de talento belga até 2018.
O melhor chegou em 1986 – um 4.º lugar no Mundial onde Diego Maradona foi um íman de atenção constante. Era o apogeu da primeira fornada de qualidade belga, onde estavam nomes como Enzo Scifo, Eric Gerets, Jean-Maria Pfaff ou Franky Vercauteren (esse mesmo, o ex-treinador do Sporting). De resto, esteve presente em 12 dos 19 Mundiais realizados desde 1930, com a melhor séria a contecer entre 1982 e 2000, quando reservaram presença em quatro edições consecutivas.