O primeiro-ministro britânico continua irredutível na sua luta para afastar Jean-Claude Juncker da presidência da Comissão Europeia, dizendo esta quarta-feira perante o Parlamento britânico que vai “lutar até ao fim” para travar a sua nomeação. Mas Cameron está cada vez mais isolado nesta batalha, já que ainda esta quarta-feira Herman Van Rompuy vai a Itália encontrar-se com Matteo Renzi de modo a dissuadi-lo para apoiar Juncker em troca de menos austeridade para a Europa. John Major, antigo primeiro-ministro já defendeu publicamente que Cameron deve trocar a oposição a Juncker por apoio dos restantes 27 Estados-membros para renegociar os termos de adesão do Reino Unido.

“Não me importa quantas pessoas no Conselho Europeu discordam de mim, eu vou lutar por isto até ao fim”, voltou a insistir esta quarta-feira David Cameron perante o Parlamento britânico, mantendo a sua clara oposição à nomeação de Jean-Claude Juncker como candidato a presidente da Comissão Europeia. O primeiro-ministro tem liderado os detratores do ex-presidente do Eurogrupo, que defendem que esta figura é demasiado federalista para aplacar a onda eurocética que se fez sentir nas eleições europeias – especialmente no Reino Unido, onde o UKIP, um partido que questiona a permanência do país na União, ganhou com larga vantagem.

Desde as eleições, Cameron não tem poupado esforços para encontrar aliados par a sua causa, mas parece estar cada vez mais isolado. Tanto o primeiro-ministro sueco, como o primeiro-ministro holandês pareceram apoiar o seu homólogo britânico desde a primeira hora, assim como Matteo Renzi, primeiro-ministro italiano. No entanto, tanto o sueco como o holandês – após uma mini cimeira com Merkel na residência de verão de Fredrik Reinfeldt – estão afastados da discussão e Renzi vai encontrar-se esta quarta com Rompuy para tentar chegar a acordo: alívio da austeridade e das metas para Itália, em troca de apoio a Juncker no Conselho Europeu – o candidato apontado pelos chefes de Estado e de Governo precisam de uma maioria qualificada para nomear Juncker, o que implica que a decisão tenha o apoio de 55% dos Estados-membros, incluindo pelo menos quinze deles, e represente simultaneamente no mínimo 65% da população da União.

John Major, primeiro-ministro britânico entre 1990 e 1997, em declarações à BBC Radio 4, disse esta quarta-feira que o Reino Unido pode vir a perder a batalha da nomeação de Juncker, mas que a União Europeia é conhecida por compensar quem sai derrotado destas disputas institucionais. “Normalmente quando a Europa decide alguma coisa que vai contra o interesse de um país em particular, os restantes Estados-membros procuram de forma pública, mas também subliminar, compensar esse país de alguma forma. Penso que o Reino Unido conseguirá uma negociação satisfatória nas negociações para reformar as instituições”, apontou.

Pessoalmente, Major diz não ter nada contra Juncker, embora considere que não é o candidato certo e que a União pode eleger “o candidato errado pelas razões erradas”. No entanto, sublinha que o Reino Unido não é o único país que quer reformas no seio das instituições comunitárias, reforçando que Cameron conseguirá novas vantagens para o seu país ao renegociar os termos de adesão – algo que permitirá, na sua opinião, fortalecer o sim da população do Reino Unido ao referendo de 2017, que vai decidir a permanência do país na União Europeia.

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