Os rebeldes sunitas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) assumiram o controlo de uma das principais refinarias de petróleo do Iraque. A disputa pela refinaria intensificou-se nos últimos dias, mas o Governo continuava a dizer que tinha as instalações sob controlo.Segundo o correspondente da Al Jazeera, os insurgentes terão oferecido uma passagem segura para as tropas iraquianas caso desistissem e baixassem as armas, o que permitiu a ocupação.
Trata-se da refinaria de Baiji, localizada nas proximidades das cidades norte de Tikrit e Mossul, já conquistadas pelos jihadistas no início do mês, num dos mais importantes complexos industriais iraquianos. Produz um terço do petróleo iraquiano e abastece toda a região norte do país. Na última semana Baiji tem sido palco de intensa luta entre as forças do Governo iraquiano e os rebeldes sunitas da insurgência.
A cadeia de notícias Al-Jazeera afirma que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hoshyar Zebari, tinha assegurado ao seu correspondente esta terça-feira que as forças especiais de segurança estavam em controlo da refinaria, negando os últimos desenvolvimentos. No entanto, do terreno chegam notícias de que os jihadistas ofereceram aos cerca de 460 soldados iraquianos que guardavam a refinaria uma via segura de acesso para a cidade de Erbil, capital da região semi-autónoma do Curdistão iraquiano, em troca de rendição. A batida em retirada permitiu aos insurgentes deixar o comando das instalações aos líderes sunitas locais.
O episódio surge numa altura em que o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, passou por Bagdad para garantir ajuda “intensa e sustentada” aos combatentes iraquianos na luta contra as milícias organizadas do ISIS, assim como para pressionar o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki a formar um Governo mais “inclusivo e aberto à partilha do poder”.
Escassez de combustível
Entretanto, os cidadãos iraquianos lutam contra a falta de combustível para abastecimento em cidades ocupadas como Mossul, que foi agravada com a disputa da refinaria de Baiji. A região está a ter sérias dificuldades em obter gasolina, o que se torna especialmente dramático para os casos das ambulâncias e dos veículos dos soldados.
“Agora a crise afecta-nos diretamente a nós”, dizia um taxista citado pela France24, que na segunda-feira esteve quatro horas à espera de abastecer o depósito do carro numa bomba em Khabat, uma cidade à beira da estrada que liga Mossul a a capital curda Erbil.
Esta questão levanta, no entanto, outro problema. Zaher Sharif, o responsável por aquela bomba de gasolina afirma que grande parte das longas filas de espera se deve aos interesses de particulares de abastecer para depois irem revender o combustível nas localidades onde não há. “Aqui comprar combustível por cerca de 500 dinares por litro (30 cêntimos o litro), mas depois vão vender o litro por mais de 2500 dinares (cerca de 1,60 euros)”, diz.