O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, prestou esta quinta-feira homenagem, em França, aos combatentes portugueses mortos durante a I Guerra Mundial, sublinhando que o atual projeto europeu assenta precisamente na preocupação de evitar que semelhantes tragédias se repitam.
Passos Coelho deslocou-se hoje ao cemitério militar português de Richebourg, no norte de França, e visitou também o monumento aos mortos portugueses na localidade vizinha de La Couture, no quadro da sua participação no Conselho Europeu, que começa hoje em Ypres, precisamente para assinalar o centenário do início da I Guerra Mundial.
Numa curta intervenção no cemitério, o primeiro-ministro justificou a sua vista como uma forma de testemunhar o “respeito e sentimento de enorme orgulho” que todo o país “tem por todos aqueles que se sacrificaram ao serviço da nação”.
“Presto assim a nossa homenagem coletiva aos 1.831 combatentes portugueses sepultados neste cemitério militar e a todos os nacionais envolvidos na I Grande Guerra, não só aqui em França, como também em Angola e Moçambique”, declarou, referindo-se aos 1.830 mortos na guerra e a um ex-combatente (soldado Ferreira Almeida) fuzilado por Portugal pelo crime de traição à pátria que ali também está sepultado e para o qual a Liga dos Combatentes pede agora uma amnistia.
Considerando que a Grande Guerra de 1914-1918 foi um “acontecimento absolutamente marcante para a Europa”, Passos Coelho destacou a importância do projeto europeu para evitar a repetição de eventos tão trágicos.
“É nosso dever assegurar que tragédias como estas do século XX jamais se repitam. É sobre essa preocupação que assenta o atual projeto europeu de paz, segurança e desenvolvimento, que estamos empenhados em aprofundar e que nasceu das cinzas de um outro conflito de proporções trágicas”, a II Guerra Mundial, de 1939-1945, referiu.
O chefe de Governo também fez um breve discurso diante do monumento de La Couture, onde sublinhou a “fraternidade e a colaboração entre portugueses e franceses, que uniram esforços por um futuro melhor para as suas nações e para a Europa”.
“Temos na comunidade portuguesa aqui em França e, em particular, na região de Pas de Calais, um exemplo expressivo de ligação entre os dois países e as nossas culturas. É este mesmo espírito de solidariedade e de confiança que, partilhado por toda a Europa e refletido nas instituições que temos vindo a erguer ao longo dos anos, constitui a melhor garantia de um futuro de paz e de prosperidade para o nosso continente”, declarou.
Passos Coelho participará ao final da tarde, em Ypres, noutra cerimónia de homenagem aos mortos da I Guerra Mundial, juntamente com todos os restantes chefes de Estado e de Governo da UE, antes de um jantar que assinalará o arranque do Conselho Europeu, que prosseguirá (e terminará) na sexta-feira em Bruxelas.