1. Liderar o grupo é chegar aos quartos de final
Sete ou nove pontos. Tanto faz. Ou fez. Antes da Copa meter a bola a rolar nos 12 estádios espalhados pelo Brasil, as 32 seleções lutavam todas pelo mesmo: terminar no primeiro lugar do grupo. Oito conseguiram-no. Bravo. E têm também direito a um bravíssimo. Porquê? Pela primeira vez, todas as seleções que acabaram na liderança do seu grupo conseguiram chegar aos quartos de final. Para Brasil, Holanda, Colômbia, Costa Rica, França, Argentina, Alemanha e Bélgica, os oitavos de final foram uma escala.
Em 2010, os EUA foram a ovelha negra que não chegou aos quartos. Espanha e Suíça partilharam essa honra em 2006 e, na Copa do Japão e da Coreia do Sul, em 2002, apenas quatro líderes deram o pulo até aos quartos de final.
2. Goleador na fase de grupos, o pior nos oitavos
Que festa. Golos e mais golos, os pontapés certeiros não paravam. Parecia que não havia nada a perder. Para ninguém. Quando a fase de grupos acabou já se tinham marcado 136 golos. Nunca antes um Mundial com 32 equipas (o primeiro foi em 1998, em França) ficara com a barriga tão cheia após o primeiro prato da competição. Um valente obrigado se deve ao Arena Fonte Nova, estádio em Salvador da Bahia que teve 21 golos marcados no seu relvado — o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, com 19, e o Arena Amazónia, em Manaus, com 14, vieram a seguir.
Até aí, tudo bem. O pior veio na primeira fase a eliminar, onde uma derrota equivalia a um regresso imediato a casa. Estes foram os oitavos de final onde menos golos se marcaram nos 90 minutos de cada jogo: apenas 11, menos que os 21 da edição da África do Sul (2010), os 14 da Alemanha (2006), os 15 do Japão e da Coreia do Sul (2002) e os 22 de França (1998). Pronto, há algo para compensar: este já é o Mundial com mais golos (25) marcados por jogadores vindos do banco de suplentes.
3. Um guarda-redes (quase) insuperável
Parecia um poste. Para onde a bola se dirigisse, ele punha-se no caminho. Nem todos acertaram na baliza, claro, mas só o 32.º remate que os belgas apontaram à baliza deu golo. Pelo meio, Tim Howard multiplicou-se para defender 16 bolas que pontapearam na sua direção. Há 48 anos que um guarda-redes não terminava um jogo com tantas paradas. Até Vincent Kompany, capitão da seleção belga, fez questão de sublinhar o feito que obrigou o duelo entre a Bélgica e os EUA a decidir-se apenas no prolongamento (2-1 para os europeus).
Two words.. TIM HOWARD #Respect #BelUSA
— Vincent Kompany (@VincentKompany) July 1, 2014
3. Dois tão jovens a marcarem na mesma Copa
Não saímos do Bélgica — EUA. Ainda não. Além da muralha que Tim Howard segurou durante 90 minutos na baliza norte-americana, este encontro ajudou a que se chegasse a outra novidade. E logo uma bem adolescente — 48 anos depois, um Mundial voltou a ter dois jovens com menos de 20 anos a marcarem golos. Para que isto acontecesse, Julian Green (19 anos e 25 dias de idade) teve de fazer o seu contra os belgas, aos 107 minutos, com o primeiro toque que deu na bola.
Antes, já Divock Origi, avançado de Lille, deu à Bélgica uma vitória (1-0) contra a Rússia, na fase de grupos. E fê-lo aos 19 anos e 25 dias de idade.
4. A mania de prolongar as coisas
Desde 1938, primeira edição do Mundial, que não havia tantos prolongamentos (cinco) na mesma ronda da competição. Malditos oitavos de final. Só uns colombianos a reboque de James Rodríguez (2-0, contra o Uruguai), uns franceses liderados por Mathieu Valbuena (2-0, à Nigéria) e uma Holanda que esperou até aos 90’ para fazer golos (2-1, frente ao México). Vamos lá ver como correm os quartos de final.
5. As reviravoltas gostam de laranja
Dar avanço ou inimigo ou problemas em acordar cedo? Qualquer que seja a resposta, foram três jogos. Um trio de batalhas em que, antes de festejarem, os holandeses tiveram que se preocupar. A laranja na qual Louis Van Gaal anda a mexer com o motor — contra o México, por exemplo, começou com Dirk Kuyt, um avançado, a lateral esquerdo — tornou-se na segunda seleção a conseguir três reviravoltas no mesmo Mundial, após a Alemanha Ocidental o fazer em 1970. Isto é bom ou mau?
É positivo, porque a Holanda está nos quartos de final e, não fosse o 5-1 à Espanha, o 3-2 à Austrália e o 2-1 frente aos mexicanos, os jogadores já estariam a desfazer as malas em casa.
6. A idade não livra ninguém de falhar um penálti
Pobre Theofanis Gekas. À quarta vez que a bola esperou na marca por um pontapé grego, foi ele que falhou. Correu, rematou e Keylor Navas impediu que o seu remate metesse a bola na baliza. A Costa Rica marcaria no último penálti e eliminava a Grécia. Tragédia. Com 34 anos e 37 dias de vida, Gekas tornava-se o segundo mais velho de sempre a falhar uma grande penalidade após um prolongamento. À sua frente, por 33 dias, ficou Franco Baresi, capitão da Itália que, em 1994, foi um dos que contribuiu com desacerto para os transalpinos perderem a final do Mundial, frente ao Brasil.
7. Cuidado: já se vestiram de vermelho contra os argentinos
Há três cores num semáforo. A que está no topo significa parar a marcha. Isto na estrada. No relvado, em Mundiais, há uma equipa que, das vezes em que foi campeã, o vermelho foi sinal para apena parar quando tivesse o caneco nas mãos — a Argentina. Nas duas Copas conquistadas pelos albicelestes, a equipa, pelo caminho, jogou (e ganhou) sempre contra uma seleção que vestia um equipamento vermelho.
Aconteceu em 1978, na edição que acolheu, em que encontrou a Polónia (vitória por 2-0, gracias Mario Kempes), e em 1986, quando também venceu a Coreia do Sul (3-1) e a Bélgica (2-0). E agora, em 2014. Os suíços encarnados ainda resistiram até ao prolongamento (1-0), e agora, nos quartos, haverá um reencontro com a Bélgica. E adivinhem lá com que cor costumam jogar os europeus?
8. O recorde mexicano que ninguém queria ter
A odisseia começou em 1994 e não mais o México se livrou dela. Desde que o Mundial visitou os EUA que os mexicanos chegam sempre aos oitavos de final. Nada mau. O problema é que sempre que de lá saíram, voltaram para casa. Há seis Copas seguidas que os centro-americanos são eliminados nos oitavos de final.
É recorde: o México é a seleção que mais vezes saiu do Mundial na mesma fase. E os mexicanos despediram-se do Brasil logo num jogo em que um golo veio do pé esquerdo de Giovani dos Santos– nunca a seleção fora derrotada nas últimas 11 partidas em que o avançado do Villarreal marcara.
9. Golos era com Pelé. E agora é com James
Craque. Na cabeça, que pensa tudo o que faz, e no pé esquerdo, que tudo executa. James Rodríguez é assim e neste Mundial está a deixar que milhões e milhões de pessoas o fiquem a saber. São já cinco golos (o melhor, até agora) e duas assistências com a Colômbia.
Ou seja, El Bandido igualou O Rei. Escrito sem alcunhas, James fez o mesmo que Pelé conseguiu fazer em 1958 — nos quatro primeiros jogos realizados num Mundial, esteve envolvido em sete golos. A marcar ou a assistir. É uma obra, mesmo. A única diferença é que, na altura, Pelé tinha apenas 17 anos, marcou seis golos e deu outro a marcar.
10. E também com Thomas Müller
A seleção portuguesa foi a cobaia: logo no primeiro jogo, três golos. Dois vindos do pé direito e outro do esquerdo de Müller, o Thomas que fez um hattrick contra Portugal. O avançado do Bayern de Munique ainda marcaria outro golo, frente aos EUA. Contas feitas, o germânico já leva nove marcados em Mundiais, face aos cinco com que saiu da África do Sul, há quatro anos.
Thomas Müller demorou o mesmo número de jogos (nove) a atingir este pecúlio, os mesmo que Pelé demorou. Só há uma diferença. Quando Pelé aprendeu a contar golos até nove, tinha 29 anos. Müller tem 24. Pois. E, de repente, os quinze golos de Miroslav Klose e Ronaldo já não estão assim tão longe.