1. Liderar o grupo é chegar aos quartos de final

Brazil's forward Neymar celebrates after scoring during a Group A football match between Cameroon and Brazil at the Mane Garrincha National Stadium in Brasilia during the 2014 FIFA World Cup on June 23, 2014.       AFP PHOTO / FRANCOIS XAVIER MARIT

Sete ou nove pontos. Tanto faz. Ou fez. Antes da Copa meter a bola a rolar nos 12 estádios espalhados pelo Brasil, as 32 seleções lutavam todas pelo mesmo: terminar no primeiro lugar do grupo. Oito conseguiram-no. Bravo. E têm também direito a um bravíssimo. Porquê? Pela primeira vez, todas as seleções que acabaram na liderança do seu grupo conseguiram chegar aos quartos de final. Para Brasil, Holanda, Colômbia, Costa Rica, França, Argentina, Alemanha e Bélgica, os oitavos de final foram uma escala.

Em 2010, os EUA foram a ovelha negra que não chegou aos quartos. Espanha e Suíça partilharam essa honra em 2006 e, na Copa do Japão e da Coreia do Sul, em 2002, apenas quatro líderes deram o pulo até aos quartos de final.

2. Goleador na fase de grupos, o pior nos oitavos

US midfielder Julian Green (unseen) scores past Belgium's goalkeeper Thibaut Courtois  during the second half of extra-time in the Round of 16 football match between Belgium and USA at Fonte Nova Arena in Salvador during the 2014 FIFA World Cup on July 1, 2014.      AFP PHOTO/ FRANCISCO LEONG

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Que festa. Golos e mais golos, os pontapés certeiros não paravam. Parecia que não havia nada a perder. Para ninguém. Quando a fase de grupos acabou já se tinham marcado 136 golos. Nunca antes um Mundial com 32 equipas (o primeiro foi em 1998, em França) ficara com a barriga tão cheia após o primeiro prato da competição. Um valente obrigado se deve ao Arena Fonte Nova, estádio em Salvador da Bahia que teve 21 golos marcados no seu relvado — o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, com 19, e o Arena Amazónia, em Manaus, com 14, vieram a seguir.

Até aí, tudo bem. O pior veio na primeira fase a eliminar, onde uma derrota equivalia a um regresso imediato a casa. Estes foram os oitavos de final onde menos golos se marcaram nos 90 minutos de cada jogo: apenas 11, menos que os 21 da edição da África do Sul (2010), os 14 da Alemanha (2006), os 15 do Japão e da Coreia do Sul (2002) e os 22 de França (1998). Pronto, há algo para compensar: este já é o Mundial com mais golos (25) marcados por jogadores vindos do banco de suplentes.

3. Um guarda-redes (quase) insuperável

during the 2014 FIFA World Cup Brazil Round of 16 match between Belgium and the United States at Arena Fonte Nova on July 1, 2014 in Salvador, Brazil.

Parecia um poste. Para onde a bola se dirigisse, ele punha-se no caminho. Nem todos acertaram na baliza, claro, mas só o 32.º remate que os belgas apontaram à baliza deu golo. Pelo meio, Tim Howard multiplicou-se para defender 16 bolas que pontapearam na sua direção. Há 48 anos que um guarda-redes não terminava um jogo com tantas paradas. Até Vincent Kompany, capitão da seleção belga, fez questão de sublinhar o feito que obrigou o duelo entre a Bélgica e os EUA a decidir-se apenas no prolongamento (2-1 para os europeus).

3. Dois tão jovens a marcarem na mesma Copa

US midfielder Julian Green celebrates after scoring the 2-1 during a Round of 16 football match between Belgium and USA at Fonte Nova Arena in Salvador during the 2014 FIFA World Cup on July 1, 2014.     AFP PHOTO / PEDRO UGARTE

Não saímos do Bélgica — EUA. Ainda não. Além da muralha que Tim Howard segurou durante 90 minutos na baliza norte-americana, este encontro ajudou a que se chegasse a outra novidade. E logo uma bem adolescente — 48 anos depois, um Mundial voltou a ter dois jovens com menos de 20 anos a marcarem golos. Para que isto acontecesse, Julian Green (19 anos e 25 dias de idade) teve de fazer o seu contra os belgas, aos 107 minutos, com o primeiro toque que deu na bola.

Antes, já Divock Origi, avançado de Lille, deu à Bélgica uma vitória (1-0) contra a Rússia, na fase de grupos. E fê-lo aos 19 anos e 25 dias de idade.

4. A mania de prolongar as coisas

Argentina's players celebrate their win as Switzerland's team react after losing their Round of 16 football match between Argentina and Switzerland at the Corinthians Arena in Sao Paulo during the 2014 FIFA World Cup on July 1, 2014.  AFP PHOTO / ANNE-CHRISTINE POUJOULAT

Desde 1938, primeira edição do Mundial, que não havia tantos prolongamentos (cinco) na mesma ronda da competição. Malditos oitavos de final. Só uns colombianos a reboque de James Rodríguez (2-0, contra o Uruguai), uns franceses liderados por Mathieu Valbuena (2-0, à Nigéria) e uma Holanda que esperou até aos 90’ para fazer golos (2-1, frente ao México). Vamos lá ver como correm os quartos de final.

5. As reviravoltas gostam de laranja

during the 2014 FIFA World Cup Brazil Round of 16 match between Netherlands and Mexico at Castelao on June 29, 2014 in Fortaleza, Brazil.

Dar avanço ou inimigo ou problemas em acordar cedo? Qualquer que seja a resposta, foram três jogos. Um trio de batalhas em que, antes de festejarem, os holandeses tiveram que se preocupar. A laranja na qual Louis Van Gaal anda a mexer com o motor — contra o México, por exemplo, começou com Dirk Kuyt, um avançado, a lateral esquerdo — tornou-se na segunda seleção a conseguir três reviravoltas no mesmo Mundial, após a Alemanha Ocidental o fazer em 1970. Isto é bom ou mau?

É positivo, porque a Holanda está nos quartos de final e, não fosse o 5-1 à Espanha, o 3-2 à Austrália e o 2-1 frente aos mexicanos, os jogadores já estariam a desfazer as malas em casa.

6. A idade não livra ninguém de falhar um penálti

during the 2014 FIFA World Cup Brazil Round of 16 match between Costa Rica and Greece at Arena Pernambuco on June 29, 2014 in Recife, Brazil.

Pobre Theofanis Gekas. À quarta vez que a bola esperou na marca por um pontapé grego, foi ele que falhou. Correu, rematou e Keylor Navas impediu que o seu remate metesse a bola na baliza. A Costa Rica marcaria no último penálti e eliminava a Grécia. Tragédia. Com 34 anos e 37 dias de vida, Gekas tornava-se o segundo mais velho de sempre a falhar uma grande penalidade após um prolongamento. À sua frente, por 33 dias, ficou Franco Baresi, capitão da Itália que, em 1994, foi um dos que contribuiu com desacerto para os transalpinos perderem a final do Mundial, frente ao Brasil.

7. Cuidado: já se vestiram de vermelho contra os argentinos

SAO PAULO, BRAZIL - JULY 01:   Lionel Messi of Argentina prepares to take a free kick  during the 2014 FIFA World Cup Brazil Round of 16 match between Argentina and Switzerland at Arena de Sao Paulo on July 1, 2014 in Sao Paulo, Brazil.  (Photo by Matthias Hangst/Getty Images)

Há três cores num semáforo. A que está no topo significa parar a marcha. Isto na estrada. No relvado, em Mundiais, há uma equipa que, das vezes em que foi campeã, o vermelho foi sinal para apena parar quando tivesse o caneco nas mãos — a Argentina. Nas duas Copas conquistadas pelos albicelestes, a equipa, pelo caminho, jogou (e ganhou) sempre contra uma seleção que vestia um equipamento vermelho.

Aconteceu em 1978, na edição que acolheu, em que encontrou a Polónia (vitória por 2-0, gracias Mario Kempes), e em 1986, quando também venceu a Coreia do Sul (3-1) e a Bélgica (2-0). E agora, em 2014. Os suíços encarnados ainda resistiram até ao prolongamento (1-0), e agora, nos quartos, haverá um reencontro com a Bélgica. E adivinhem lá com que cor costumam jogar os europeus?

8. O recorde mexicano que ninguém queria ter

during the 2014 FIFA World Cup Brazil Round of 16 match between Netherlands and Mexico at Castelao on June 29, 2014 in Fortaleza, Brazil.

A odisseia começou em 1994 e não mais o México se livrou dela. Desde que o Mundial visitou os EUA que os mexicanos chegam sempre aos oitavos de final. Nada mau. O problema é que sempre que de lá saíram, voltaram para casa. Há seis Copas seguidas que os centro-americanos são eliminados nos oitavos de final.

É recorde: o México é a seleção que mais vezes saiu do Mundial na mesma fase. E os mexicanos despediram-se do Brasil logo num jogo em que um golo veio do pé esquerdo de Giovani dos Santos– nunca a seleção fora derrotada nas últimas 11 partidas em que o avançado do Villarreal marcara.

9. Golos era com Pelé. E agora é com James

Colombia's midfielder James Rodriguez applauds as he goes off during the Round of 16 football match between Colombia and Uruguay at the Maracana Stadium in Rio de Janeiro during the 2014 FIFA World Cup in Brazil on June 28, 2014.   AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH

Craque. Na cabeça, que pensa tudo o que faz, e no pé esquerdo, que tudo executa. James Rodríguez é assim e neste Mundial está a deixar que milhões e milhões de pessoas o fiquem a saber. São já cinco golos (o melhor, até agora) e duas assistências com a Colômbia.

Ou seja, El Bandido igualou O Rei. Escrito sem alcunhas, James fez o mesmo que Pelé conseguiu fazer em 1958 — nos quatro primeiros jogos realizados num Mundial, esteve envolvido em sete golos. A marcar ou a assistir. É uma obra, mesmo. A única diferença é que, na altura, Pelé tinha apenas 17 anos, marcou seis golos e deu outro a marcar.

10. E também com Thomas Müller

Germany's forward Thomas Mueller reacts during a Round of 16 football match between Germany and Algeria at Beira-Rio Stadium in Porto Alegre during the 2014 FIFA World Cup on June 30, 2014. AFP PHOTO / PATRIK STOLLARZ

A seleção portuguesa foi a cobaia: logo no primeiro jogo, três golos. Dois vindos do pé direito e outro do esquerdo de Müller, o Thomas que fez um hattrick contra Portugal. O avançado do Bayern de Munique ainda marcaria outro golo, frente aos EUA. Contas feitas, o germânico já leva nove marcados em Mundiais, face aos cinco com que saiu da África do Sul, há quatro anos.

Thomas Müller demorou o mesmo número de jogos (nove) a atingir este pecúlio, os mesmo que Pelé demorou. Só há uma diferença. Quando Pelé aprendeu a contar golos até nove, tinha 29 anos. Müller tem 24. Pois. E, de repente, os quinze golos de Miroslav Klose e Ronaldo já não estão assim tão longe.