A Polícia Judiciária (PJ) anunciou esta quarta feira a detenção, em Lisboa, de um homem, de 35 anos, suspeito de integrar um grupo criminoso que se dedicava à alegada prática de burlas com recurso a supostas notas de euros.

O detido, em conjunto com outros indivíduos, convenceu dois homens ligados a uma empresa de compra e venda de imóveis que estava procurar obter uma autorização de residência e, posteriormente, “efetuar grandes investimentos em Portugal no ramo imobiliário”, conseguindo que lhe entregassem “várias dezenas de milhares de euros”, explicou a PJ.

Em comunicado, a polícia adiantou que o homem foi preso após cometer mais um crime, através de um esquema, no qual os burlões convencem as vítimas de que têm em seu poder avultadas quantias de euros, provenientes de um país estrangeiro, normalmente africano, onde teriam desempenhado cargos públicos de grande relevo.

Alegando uma mudança de regime político ocorrida no tal país, os autores convencem as vítimas de que tiveram a necessidade de colocar no exterior todo o dinheiro que ali possuíam (normalmente na ordem dos milhões de euros).

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“Sendo que, para o dinheiro em causa passar as fronteiras sem ser detetado pelas autoridades locais, tiveram de recorrer a um alegado procedimento especial que, segundo o que os burlões referem às vítimas, consiste em colorar ou tintar as notas de molde a que as mesmas tenham a aparência de simples pedaços de papel”, explica a PJ.

Após o dinheiro passar as fronteiras, e para que o mesmo possa ser utilizado, é supostamente necessário realizar o procedimento inverso, voltando as notas à sua aparência normal.

Os burlões contam às vítimas que essa operação é possível, com recurso a um outro procedimento especial, no qual tem de ser utilizado um líquido muito raro e valioso, assim como outras notas de euros.

“Depois de fazerem uma alegada demonstração deste último processo, os burlões acabam por convencer as vítimas a entregar-lhes significativas quantias de dinheiro em notas de euros para procederem à suposta revelação do alegado dinheiro proveniente do estrangeiro”, frisa a PJ.

Assim que recebem as importâncias que lhes são entregues pelos ofendidos, aos quais “são prometidas elevadíssimas compensações pela ajuda prestada”, os burlões apoderam-se das mesmas, ficando na posse das vítimas alguns embrulhos com as dimensões idênticas às das notas entregues.

Contudo, os embrulhos apenas contêm, na parte de cima, “duas ou três notas verdadeiras, sendo tudo o resto meros pedaços de papel”.

O arguido ficou em prisão preventiva depois de presente a primeiro interrogatório.

A PJ sublinha que a investigação vai continuar no sentido de identificar e deter os restantes elementos do grupo criminoso.