O membro francês do comité executivo do Banco Central Europeu (BCE), Benoit Coeuré, disse nesta quarta-feira que é “demasiado cedo” para ver o efeito da crise bancária de Portugal nos investimentos estrangeiros na zona euro. No último relatório sobre a utilização e a importância do euro nos mercados financeiros internacionais, o BCE assegura que “a zona euro atraiu mais investimento estrangeiro no ano passado do que em 2012”.

“O relatório do ano passado considerou que a crise de endividamento soberano tinha afetado a importância internacional do euro em várias dimensões”, sublinha o BCE no relatório atual. Este ano o BCE assegura que “a maioria dos indicadores utilizados para valorizar a utilização internacional do euro se estabilizou ou tornou-se positivos de novo em 2013 e no início de 2014”.

Questionado sobre o efeito da recente crise bancária em Portugal, Coeuré disse que os dados de abril mostram uma estabilização do investimento estrangeiro na zona euro, que os números de maio e junho poderiam apresentar um recuo, mas que ainda é “demasiado cedo” para avaliar. O BCE adianta no relatório que a emissão internacional de dívida em euros subiu nas economias avançadas no primeiro semestre deste ano 95% em relação aos primeiros seis meses de 2013, enquanto a dívida em dólares apenas aumentou 6%.

“A queda da importância do euro como divisa de financiamento e reserva internacional em 2013 pode atribuir-se sobretudo a dois fatores principais, designadamente, os efeitos prolongados da crise de endividamento soberano e as deslocalizações no sistema financeiro e monetário global impulsionadas pelo mercado”, segundo o BCE. O BCE observa ainda que outras divisas, além do dólar e do euro, poderiam começar a assumir uma função mais importante no sistema monetário internacional porque as forças do mercado originam mudanças estruturais.

A crise bancária em Portugal foi desencadeada pela divulgação de problemas associados ao Grupo Espírito Santo. Na semana passada, as bolsas europeias caíram fortemente e as taxas de juro das dívidas soberanas da periferia da Europa subiram devido aos receios dos investidores de um eventual contágio da crise no sistema. Entretanto, para acalmar os mercados, o Banco de Portugal antecipou para segunda-feira passada a entrada de uma nova administração no BES.

 

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