Padrões de beleza irreais que sufocam e torturam a comunidade feminina: É esta a mensagem da nova campanha que já tomou de assalto as redes sociais. A Stop The Beauty Madness foi lançada pela escritora Robin Rice e quer mudar atitudes e consciências. Dela fazem parte 25 imagens criadas para as redes sociais que habitualmente veríamos em revistas glossy. Mas ao contrário destas publicações, a mensagem é outra e apela ao monólogo interior. As legendas que acompanham as fotografias vão fazê-la/lo pensar.

As ideias variam de fotografia em fotografia, mas o conceito subliminar não. Há a imagem de uma criança produzida que, perante a tradicional pergunta “O que queres ser quando fores grande?”, responde “Bonita”. Mas também aquela de uma mulher de estilo alternativo que antecede os pensamentos da maioria das pessoas — “Aquele momento constrangedor no qual tenta decidir se sou bonita”.

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“Hoje em dia, as mulheres limitam-se porque estão focadas no aspecto físico, preocupadas se são ou não bonitas o suficiente”, explica Robin Rice, que também é fundadora da Be Who You Are Productions. ” Não é que a beleza não seja importante, mas chegámos a um ponto em que consegue ser prejudicial para várias mulheres, parece uma tortura auto-infligida”, diz em entrevista ao Observador.

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Robin, que se considera ativista, explica que o conceito de “belo” encontra definição em padrões estereotipados: uma mulher tem de ser alta, magra e sem curvas. Mas também nova, sem rugas e, tendo em conta a realidade norte-americana, caucasiana –as expressões étnicas são, por isso, de evitar. Fala ainda do espaço entre as coxas, associada à magreza e à juventude, bem como da simetria. Mas o certo é que a maior parte das mulheres não se encaixa nestes parâmetros. Nem as próprias modelos, diz, cujas imagens são sempre retocadas. “É um conceito que nos sufoca”.

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Em última análise, as mulheres são vítimas e causadoras do problema. É um dois em um difícil de resolver e cuja solução é individual — “É preciso reconhecer a loucura e dizer que já não vamos jogar este jogo”. O problema das sociedades de primeiro mundo, explica, é produto de uma cultura envolta em consumismo que nos faz comprar objetos atrás de objetos para nos sentirmos melhor. Não é apenas à indústria da moda que se deve apontar o dedo. É à sociedade num todo.

“Nós não lutamos contra esta cultura. Ao invés, aceitamo-la”. E que loucura é esta? “Começa ainda antes de nascermos, quando os pais se interrogam sobre o sexo da criança, se vão comprar roupas azuis ou cor-de-rosa. Nem todos os fazem, mas a maioria das pessoas joga pelas regras. É como se a cultura se tivesse transformado num concurso de popularidade, como se fosse uma aula no liceu”.

A “loucura da beleza”, como Rice gosta de chamar, tem influência na vida privada de uma mulher. “Se esta não se sentir valorizada, não vai mostrar a sua criatividade e não vai seguir as suas paixões. Além disso, a situação faz com que as mulheres se virem umas contra as outras.  A autora do projeto garante ainda que os homens não são o problema, uma vez que estes gostam de curvas e do ar natural feminino. São, no entanto, uma peça do puzzle, embora mais pequena. “A maior parte deles não compreende o motivo desta campanha. Fazem perguntas irrelevantes: porque é que isto interessa? Tens a certeza que as mulheres não conseguem lidar com isto?”

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Mas é importante não culpar a mulher, até porque o dito problema é uma ideia aceite por todos. “A escravatura era normal, todos a aceitavam. Era terrível mas normal, até alguém dizer que aquilo estava errado. Acredito que a beleza é uma forma de escravatura cultural. As mulheres reconhecem isso mas acham que é normal.” E quebradas as correntes? “A recompensa é liberdade, liberdade interior”.

Até então, Robin garante que o projeto está a ser um sucesso e tem, inclusive, mulheres que já lhe agradeceram a iniciativa. Foi criada a hashtag #StopTheBeautyMadness e, durante dez semanas, é dado acesso gratuito a conversas audio entre Robin Rice e membros da FrontLineVoices sobre beleza, corpo, comida e cultura. A campanha foi oficialmente lançada a 7 de julho e, desde então, acumulou cinco mil gostos na sua página de Facebook. Porque é preciso travar “a loucura da beleza”.