A Deco-Proteste recebeu 281 denúncias de perdas de água detetadas pelos consumidores na rede pública, em 87 municípios, principalmente referentes a fugas visíveis e rega desadequada em espaços verdes, desde 17 de abril.
Em cerca de três meses, “centenas de consumidores atentos recorreram ao formulário ‘online’ [da Deco] e denunciaram 281 perdas de água localizadas em 87 municípios, incluindo continente e ilhas”, refere uma nota esta terça-feira divulgada pela associação de defesa do consumidor.
A ferramenta ‘online’ permite a denúncia das perdas de água em qualquer ponto do país, uma informação que é diretamente encaminhada para a unidade responsável pela distribuição de água na zona e para a Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR).
As perdas da água na rede pública, que, em média, se situam nos 40%, mas podem chegar a 80% em alguns sistemas, reduzem a eficiência das entidades gestoras e aumentam os custos, o que acaba por se refletir nas contas pagas pelos utilizadores.
Por isso, na sua campanha de sensibilização para evitar as fugas de água, iniciada a 17 de abril, a Deco defende que a denúncia dos consumidores é fundamental para mudar a situação.
A contribuição do consumidor “é determinante” para a rápida resolução do problema, salienta a associação, que apela à participação dos portugueses para detetarem perdas de água no local de trabalho, na área onde vivem ou quando viajam pelo país.
As utilizações incorretas de água podem resultar de roturas nas tubagens, de regas desadequadas em espaços verdes municipais, de fuga de água na boca-de-incêndio, rega ou lavagens de ruas, por exemplo.
No ano passado, o presidente da ERSAR dizia à Lusa que, em média, cerca de um terço da água distribuída em Portugal não é faturada, por se perder nas ruturas ou por falta de exigência de pagamento, o que representa 170 milhões de euros anuais.
Se a média nacional de água não faturada se situa nos 30%, “há operadores com valores perfeitamente aceitáveis, na ordem dos 10%, ou eventualmente menos, mas no outro extremos estão operadores que chegam aos 70 ou 80%, o que é não aceitável”, alertou Jaime Melo Baptista.
Em termos internacionais, são aceitáveis valores de água não faturada de cerca de 15% do total distribuído.
O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva, também se referiu a esta questão, a propósito da necessidade de apostar na gestão eficiente dos recursos naturais, apontando a existência de, em média, 40% de perdas de água, havendo mesmo alguns sistemas que atingem 80%.