Fernando Ulrich garantiu que o BPI não tem qualquer exposição às holdings do Grupo Espírito Santo (GES), referindo-se à Rioforte e à Espírito Santo International. As declarações foram proferidas no final da apresentação dos resultados do primeiro semestre do BPI, em que a instituição apresentou um prejuízo de 106,6 milhões de euros, sobretudo motivada pela atividade doméstica. No primeiro semestre de 2013, atingiu um resultado positivo de 58,9 milhões de euros.
Em relação às empresas do GES, o presidente do BPI admitiu existir uma “pequena exposição, que não nos inspira nenhuma preocupação”, e não quis indicar quanto. “Temos relações comerciais normais com empresas como a Espírito Santo Saúde, por exemplo, que não inspiram particular cuidado e com as quais temos uma relação comercial saudável”.
Questionado sobre se continua a considerar um “abcesso” o que se passa no GES, o presidente do BPI explicou que a utilização da palavra serviu para dar a ideia de “algo confinado àquela situação, algo que passa e fica sem sequelas para mim e para os outros”. Sobre a crise no GES, Ulrich disse, também, que acompanha o assunto “obviamente pelas responsabilidades” que tem, mas que não tece mais comentários. “São pessoas com quem tenho óptimas relações, mas não tenho ações do BES nem o BPI, portanto, não tenho de dar explicações”, referiu.
Acerca do papel do Banco de Portugal (BdP), o presidente do BPI referiu que a instituição fez “tudo o que tinha a fazer” e que os problemas no GES não põem em causa o BdP. E que o que está em causa são as holdings acima do BES. “Se um acionista do BES tem problemas financeiros, por maiores que sejam, isso não é imputável ao BES”, avançou.
Depois da insistência dos jornalistas, Fernando Ulrich afirmou que “não tendo nenhum contributo construtivo para dar”, disse para não lhe pedirem para ser comentador. “Seria gratuito da minha parte estar a fazer comentários”, afirmou. Ao novo líder do BES, Vitor Bento, Ulrich afirmou não ter nenhum conselho para dar. “Quem está lá, no comando do avião, é que sabe o que tem de fazer”, referiu.
“BFA não é rival do BESA”
Relativamente ao Banco de Fomento de Angola, do qual Fernando Ulrich é presidente não executivo, avança “com total segurança”, que tem exatamente a mesma informação sobre a atividade do BFA que tem sobre o BPI. “Não existe nenhuma diferença em relação à informação”, referiu.
Sobre possíveis semelhanças com o que se passou com o Banco Espírito Santo Angola (BESA), Ulrich adiantou que a comparação seria “ofensiva”. “O BFA é gerido com o mesmo rigor que o BPI, como é que seria possivel estar numa situação que tivesse semelhança com essa [BESA]? Isso é impossível” disse, referindo que o BFA é uma fortaleza financeira. “É um banco de grande qualidade e solidez em qualquer parte do mundo” disse, explicando que as operações são feitas com rigor.
A 19 de julho, o Expresso noticiou que José Eduardo dos Santos tinha assinado uma garantia de 5,7 mil milhões de dólares ao BESA. A agência de rating Fith já veio dizer que esta garantia não compromete o risco de crédito do país e que existe liquidez pública suficiente em Angola para assegurar que a garantia é honrada, caso seja necessário.