A Goldman Sachs vendeu no dia 23 de julho 4,455 milhões de ações do BES, reduzindo a sua posição no banco para menos de 2%, segundo um comunicado enviado à CMVM, o regulador do mercado. A venda aconteceu uma semana depois de o mesmo banco de investimentos ter comprado 2,27% do banco, a 15 de julho, quando as ações estavam em queda, num dia que acabou com uma subida inesperada do valor do banco em bolsa. Durante esse espaço de tempo, as ações do BES desvalorizaram de mais de 0,4 cêntimos por ação para cerca de 0,2 cêntimos.
Hoje também ficou a saber-se que mais de 200 clientes do BES já recorreram à Associação de Defesa de Clientes Bancários (ABESD) por se sentirem lesados e não conseguirem ser reembolsados das suas aplicações, disse à Lusa o responsável da associação.
Luís Vieira disse à Agência Lusa que cerca de metade destes “pequenos investidores” compraram papel comercial de empresas do Grupo Espírito Santo (GES), como a Espírito Santo International (ESI), a Espírito Santo Financial Group (ESFG) ou a Rioforte, desconhecendo o tipo de produto em que estavam a aplicar as suas poupanças e não conseguem ser reembolsados.
“A informação que temos tanto do Luxemburgo, como do próprio banco, é que estes produtos não são do BES e que são papel comercial da ESI, ESFG ou Rioforte”, afirmou.
A ABES-D foi constituída na semana passada e apresentada oficialmente na quinta-feira depois de um grupo de clientes do BES ter começado a contactar entre si e a perceber que estavam a ser afetados pelos mesmos problemas, nomeadamente a falta de pagamento, desde junho, do papel comercial que detinham de empresas do grupo GES/BES.
Segundo Luís Vieira, que também é cliente do BES, o endereço de correio eletrónico criado pela associação já recebeu mais de mil emails de pessoas que procuram ajuda ou esclarecimentos, muitos deles por “não conseguirem resgatar fundos” ou mobilizar as suas aplicações e não conseguirem obter respostas.
A ABES-D já contratou um escritório de advogados para defender os seus interesses (a sociedade Macedo Vitorino & Associados) que “tem estado a recolher os dossiês e a fazer um apanhado dos produtos” em causa e admite vir a avançar com processos ou outro tipo de medidas contra o banco.