Em fevereiro, os suíços votaram a favor da introdução de quotas na imigração oriunda da União Europeia e daqui a dois ou três anos poderão voltar a votar, mas desta vez na relação institucional que o seu país mantém com os 28 Estados-membros. A aprovação das quotas fez com que a relação entre a Suíça e Bruxelas esfriasse, causando mesmo o congelamento de vários programas em comum, assim como de fundos oriundos do orçamento comunitário.

Depois da União Europeia ter anunciado que a livre circulação dos seus cidadãos na Suíça não é negociável, o presidente do país, Didier Burkhalter, veio dizer na semana passada que a população vai ter de voltar a pronunciar-se sobre o futuro das relações com a União Europeia no fim de 2016 ou no início de 2017. “Os suíços disseram claramente que querem maior controlo da imigração, então temos um dilema: por um lado queremos controlar mais a imigração e por outros, noutros referendos, a população já disse sete vezes que querem continuar a relação bilateral com União Europeia”, sublinhou em entrevista à SRG SSR, o canal público da Suíça.

O referendo foi proposto pelo SVP, partido de direita populista, e teve oposição do próprio governo que antevia os problemas que uma proibição deste género poderia trazer às relações externas do país, já que apesar de não ser membro da UE, a Suíça faz parte do Acordo de Schengen, que visa livre circulação de pessoas entre os países signatários. O presidente assegura que apesar desta situação de impasse, várias iniciativas bilaterais com os 28, como projetos de investigação científicos ficaram parados, o país quer continuar a negociar com a UE e disse já ter falado com a presidência italiana da UE sobre esta matéria.

“O Conselho Federal continua a querer uma política de abertura ao mundo e que continuar e renovar as relações bilaterais que nos dão acesso ao nosso maior mercado, a União Europeia. Esta política visa a salvaguarda dos empregos na Suíça”, disse Burkhalter

A perda de acesso ao mercado europeu seria desastrosa para a Suíça, já que 56% das suas exportações são para os 28, assim como 80% das suas importações. Desde o referendo, pelo menos duas grande empresas como a Tyco International, produtora de sistemas de segurança, e a Weatherford, empresa fornacedora de gás e petróleo, já decidiram mudar as suas sedes para a Irlanda, em parte devido à imigração. Outras grandes empresas como a Nestle ou a Novartis contam com a afluência de imigrantes ao país para assegurarem a sua produção.

A comunidade portuguesa é uma das maiores no país, ficando apenas atrás dos italianos e dos alemães.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR