O secretário-geral do PCP disse esta terça-feira que a situação do Banco Espírito Santo (BES) não é um “caso isolado”, antes uma “falha do sistema”, sendo preciso apurar toda a verdade, nomeadamente com uma comissão de inquérito parlamentar.

“Isto não é um caso isolado, em que o mais fácil é fulanizar, centrar culpas e responsabilidades numa pessoa ou numa família. É um processo de um sistema, onde a regulação e a supervisão falharam porque tinham de falhar, resultante do próprio sistema”, declarou Jerónimo de Sousa, citando inclusive um provérbio, referindo, sobre as notícias recentes envolvendo a banca portuguesa e auditorias às entidades, que “cada cavadela, cada minhoca”.

O líder comunista falava à agência Lusa esta manhã de terça-feira no final de uma visita às Oficinas Gerais dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Almada, onde conheceu as instalações e contactou com os trabalhadores.

Referindo-se a declarações na passada segunda-feira do líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, que disse que será “relativamente fácil” haver uma “conjugação de posições” para a realização de um inquérito parlamentar ao caso BES, Jerónimo diz ser “quase inevitável” a constituição dessa comissão para o “apuramento da verdade”.

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“É preciso que essa verdade toda seja conhecida. E uma comissão de inquérito tem esse mérito, independentemente, depois, de as conclusões poderem refletir as relações de forças em cada comissão”, frisou o secretário-geral do PCP.

O país, prosseguiu, “ganha” com a constituição da comissão, mais a mais tendo em conta que o processo envolvendo o BES “está longe de ser conhecido em toda a sua dimensão”.

A 2 de agosto, o líder parlamentar do PCP, João Oliveira anunciou que o seu partido iria propor a criação de uma comissão de inquérito para apurar responsabilidades sobre a situação do BES.

Pelo BE, o coordenador João Semedo disse que apoiaria a iniciativa, enquanto pelos socialistas, o secretário-geral, António José Seguro, desafiou este fim-de-semana a maioria a viabilizar a comissão de inquérito ao caso BES.

Em declarações ao Observador este fim-de-semana, o democrata-cristão Diogo Feiro reafirmou que o CDS-PP não tem “qualquer oposição a todos os meios admissíveis no plano parlamentar”.