Lembra-se da coligação que nunca o chegou a ser entre o CDS de Paulo Portas e o PSD de Marcelo Rebelo de Sousa? Na altura, em 1999, foram as divergências com o líder centrista que ditaram o fim de Marcelo à frente do PSD e impediram a reedição da Aliança Democrática. Mas é precisamente Marcelo Rebelo de Sousa o convidado escolhido pelo CDS para abordar o tema das alianças partidárias num jantar debate com o socialista Jaime Gama, que se vai realizar no próximo dia 12 no âmbito da rentrée centrista.

Uma escolha “natural”, que surgiu na “base da organização” do programa, disse o dirigente do CDS Diogo Feio ao Observador. Mas uma escolha, ainda assim, curiosa, já que são conhecidas as divergências antigas entre o professor Marcelo e Paulo Portas. Foi precisamente a rutura com o líder centrista que fez com que Marcelo Rebelo de Sousa se demitisse da liderança do PSD, em 1999, em vésperas de eleições europeias, impedindo a formação da coligação pré-eleitoral PSD/CDS.

A política de alianças do CDS, que segundo Diogo Feio será o tema “mais político” do programa, vai ser assim discutida no regresso do partido ao ativo depois das férias de verão, numa altura em que a decisão sobre a continuação ou não do entendimento com o PSD numa possível coligação pré-eleitoral para 2015 tem sido sucessivamente adiada pelos dirigentes centristas.

A posição do CDS sobre a preparação das eleições de 2015 tem sido, de resto, um dos temas tabu deste fim de ano legislativo. O PSD desafiou o CDS a integrar uma aliança pré-eleitoral, mas os centristas foram sempre adiando uma resposta definitiva e o tema foi sendo atirado para a frente. Em julho, no decorrer do jantar comemorativo dos 40 anos do CDS, o dirigente centrista Telmo Correia chegou a defender a ideia de que a continuação do entendimento com o PSD nas próximas eleições devia ser decidida pelos militantes num referendo interno – ideia que não foi imediatamente afastada por Paulo Portas, que disse na mesma altura que a coligação “não é nem deve ser uma fusão”.

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Também recentemente, e ainda sobre o convite feito a Marcelo Rebelo de Sousa para participar na rentrée centrista, Pires de Lima afirmou que Marcelo era o candidato da direita “mais bem colocado” para vencer as presidenciais, apesar de o próprio comentador da TVI ter dito repetidas vezes que não era o candidato preferido do PSD e do próprio Pedro Passos Coelho.

Constituição e banca também na rentrée

O sistema de alianças partidárias será, no entanto, apenas um dos pontos do programa da Escola de Quadros do CDS, que está marcada para os próximos dias 11 a 14 de setembro, onde também serão debatidos temas como a agricultura e o mar, a fiscalidade (“Em defesa da reforma do IRS e do IRC”), a Constituição (“o problema está na Constituição ou na interpretação dela?”), a política social, o conflito israelo-palestiniano, que contará com a presença da Embaixadora de Israel e do Embaixador da Missão Diplomática da Palestina, e os problemas recentes da banca. O programa, diz Diogo Feio, é “vasto, rico e com uma grande vertente formativa”.

Entre os convidados do CDS para os vários painéis da rentrée, contam-se Miguel Esteves Cardoso, fundador do jornal Independente ao lado de Portas, o histórico centrista Adriano Moreira e Jaime Nogueira Pinto. Também os ministros António Pires de Lima, Pedro Mota Soares e Assunção Cristas, e os secretários de Estado centristas Paulo Núncio e Adolfo Mesquita Nunes, vão marcar presença no regresso do CDS ao novo ano político.