Não há maneira de travar o surto de Ébola na África Ocidental. E os números não param de subir. Segundo a Save the Children, numa nota publicada quarta-feira, o serviço de saúde de Serra Leoa não tem condições para defender-se do vírus. Só na última semana foram registados 765 novos casos da doença — cinco por hora –, o que supera e muito as 327 camas disponíveis no país. A mesma associação informa ainda que existem muitas crianças a morrer anonimamente em casa ou nas ruas, o que significa que os números oficiais não são fiáveis.
A mesma publicação prevê que os problemas vão duplicar, ou seja, que a cada hora que passa dez pessoas vão ser infetadas pelo vírus até ao final de outubro. O governo do Reino Unido comprometeu-se a fornecer 700 camas, mas será preciso uma resposta radical por parte da comunidade internacional para evitar que as pessoas continuem a morrer em casa, garante a Save the Childrens.
“Estamos a enfrentar uma perspectiva assustadora de uma epidemia que está a espalhar-se como um fogo selvagem pela Serra Leoa, com números de novos casos a duplicar a cada três semanas. As crianças, mais do que outros, estão a morrer em casa de forma penosa, anónima e indigna”, disse Rob MacGillivray, o diretor do Save the Childrens na Serra Leoa. “É muito difícil nesta fase ser preciso quanto aos números de crianças que estão a morrer com Ébola, assim como monitorizar sistemas que não acompanham a velocidade do surto.”
Também na Libéria as coisas estão descontroladas. Quem o diz é o chefe da Missão das Nações Unidas, Anthony Banbury: “É relativamente parecido aqui na Libéria. A doença está a espalhar-se rapidamente — duplicando os casos a cada 20 dias”, disse ao programa de rádio BBC Radio 4, citado pelo Guardian. Banbury apelou a uma resposta maciça por parte da comunidade internacional.