Um vídeo colocado na internet sugere que o Estado Islâmico (EI) terá decapitado Alan Henning, um refém britânico, avança a Associated Press. O vídeo, publicado na noite desta sexta-feira, tem um minuto e 11 segundos e termina com ameaças a um norte-americano, Peter Kassig. A autenticidade do vídeo ainda não foi confirmada. “Obama começaste o teu bombardeamento aéreo em Shams (Síria), continuas a atacar o nosso povo, por isso é justo que continuemos a atacar o pescoço do teu povo”, disse o carrasco do voluntário inglês.

Alan Henning, de 47 anos, era natural de Eccles, Greater Manchester, e esteve em cativeiro na Síria durante nove meses. O britânico, que tinha a alcunha “Gadget”, estava envolvido em ajuda humanitária naquele país. “Ele só disse que queria ir [para a Síria] para ajudar as pessoas lá. Esse era o tipo de pessoa que ele era. Mesmo quando lhe dissemos que seria o único homem branco lá, que não era seguro, ele não quis saber. Ele tinha muita convicção, por isso não valia a pena tentar demovê-lo”, disse um colega taxista ao Telegraph, em 20 de setembro.

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De acordo com a Reuters, Henning diz no vídeo que a execução se deve à decisão do Parlamento britânico de atacar o Estado islâmico. “Eu, como cidadão britânico, vou pagar o preço dessa decisão”, disse o voluntário vestido de laranja. Na sexta-feira passada, dia 26, o Parlamento britânico votou favoravelmente para se unir à coligação militar, com ataques aéreos, que visa destruir o Estado Islâmico.

Barbara, a mulher, havia feito há pouco tempo um apelo ao militantes islâmicos para que soltassem o marido: “Por favor libertem-no. Precisamos dele de volta a casa.” O britânico deixa dois filhos menores, de 17 e 15 anos, com quem vivia há dez anos em Eccles, Greater Manchester.

David Cameron, o primeiro-ministro britânico, não demorou muito a reagir através do Twitter: “O assassinato brutal de Alan Henning pelo Estado Islâmico mostra o quão bárbaros estes terroristas são. Os meus pensamentos estão com a sua mulher e com os seus filhos.”

Quatro executados e o número 5 ameaçado

O homem que se segue, segundo o vídeo, é Peter Hassig, um ex-ranger norte-americano de 26 anos que foi mobilizado para o Iraque em 2007, segundo um artigo da Time de 8 de janeiro de 2013. Desde 2012, Hassig ajudava refugiados sírios num hospital libanês, em Tripoli, tendo depois lançado uma organização que visava reunir fundos para ajuda humanitária — Special Emergency Response and Assistance (SERA). O objetivo da organização era “providenciar assistência médica, medicamentos, roupa e comida para os refugiados sírios no Líbano e na Síria”, de acordo com a página do próprio no Facebook. Quem quiser saber o porquê de Hassig ter ido para o Líbano e conhecer os intentos da fundação, veja aqui a entrevista à Time.

https://twitter.com/passantino/status/518129554682966017

O último executado pelo EI foi o também britânico David Haines, a 13 de setembro. Os dois primeiros executados eram norte-americanos – James Foley morreu a 20 de agosto, Steven Sotloff a 2 de setembro. Com Peter Kassig, o EI volta a ameaçar de morte um refém norte-americano.

Até agora, o modus operandi tem sido sempre o mesmo. Através de um vídeo, o refém culpa o próprio governo pelo que está a acontecer. Há um carrasco vestido de negro da cabeça aos pés e uma ameaça final a um novo refém, que só não será morto se a coligação parar com os bombardeamentos ao grupo terrorista.