Corria 1961 quando o programa espacial soviético lançava o primeiro homem para o espaço, Iuri Gagarin. Apenas sete anos depois, Stanley Kubrick realizava outro feito memorável: a apresentação do filme “2001: Odisseia no Espaço”. “Este filme é um marco na história do cinema e simboliza um marco na história da humanidade”, refere Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). “Além disso, está muito bem feito do ponto de vista da física e astrofísica.”
“2001: Odisseia no espaço”, apesar de realizado em 1968, tem muitos pormenores científicos corretos.
O diretor do OAL assume-se como um aficionado do cinema e da ficção científica. Embora admita que quando se vai ao cinema para descontrair não é preciso ser-se muito crítico em relação às questões científicas, na Semana Mundial do Espaço, que decorre de 4 a 10 de outubro e para a qual é coordenador nacional, prefere ser rigoroso nas escolhas. “Aquilo que é apresentado [no filme “2001: Odisseia no Espaço”] está muito próximo da realidade.” Também o filme “Gravidade”, de Alfonso Cuarón (2013), tem “uma série de situações de Física muito bem pensadas”.
“Gravidade” é um dos filmes mais recentes relacionado com o espaço.
“[2001: Odisseia no Espaço] é a escolha mais óbvia”, concorda Vasco Teixeira, responsável pelas atividades de Astronomia no Museu Nacional de História Natural e da Ciência. “Até ao momento não encontrei outro filme de ficção científica mais inspirador e fascinante.” O comunicador de ciência elogia ainda o “realismo científico, os efeitos visuais pioneiros, as imagens ambíguas difíceis de interpretar a ponto de se aproximarem do surrealismo e o uso mínimo de diálogos.”
Ainda no domínio dos clássicos, segue-se a saga “Guerra das Estrelas”, de George Lucas, lançado originalmente em 1977. Para Nuno Santos, astrofísico na Universidade do Porto, é uma boa escolha “porque, apesar de toda a fanfarra pouco científica, é divertido e faz-nos sonhar”. E o espaço está no imaginário do público, ainda que os realizadores repliquem o estilo de vida na Terra, diz Rui Agostinho: o formato das asas das naves espaciais, os motores e as explosões.
“Não devemos temer a responsabilidade e possibilidade de, eventualmente, sermos realmente únicos”, Miguel Claro, astrofotógrafo.
Viver no espaço é um dos sonhos da humanidade. O outro é o de saber se existe vida noutros planetas. Por isso, Miguel Claro, fotógrafo especializado em astrofotografia, escolhe o filme “Contacto”, de Robert Zemeckis (1997). “Com o avanço tecnológico, quem sabe se não estaremos realmente mais perto de obter uma prova dessa presença de vida inteligente. Seja como for, a ausência de contacto só torna a humanidade ainda mais especial. E não devemos temer a responsabilidade e a possibilidade de, eventualmente, sermos realmente únicos.”