O segundo caso de contágio de Ébola em Dallas fez soar os alarmes no Estado do Texas, que procura 132 passageiros de um voo e começou a fechar escolas, conta o Washington Post esta quinta-feira. Tudo começou há duas semanas, quando Thomas Eric Duncan, que voou da Libéria para Dallas e que acabaria por morrer, foi diagnosticado com o vírus. Na altura, as autoridades disseram que não havia perigo para a comunidade. Mas a versão oficial mudou quando duas enfermeiras, que estiveram em contacto com Duncan, contraíram o vírus.

Nesta história há um fator importante: a segunda enfermeira, Amber Vinson, viajou de avião de Cleveland para Dallas na terça-feira. O aparelho seria usado mais cinco vezes até a Frontier Airlines ser alertada de ter transportado um passageiro com Ébola. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) está agora a tentar contactar os 132 passageiros que viajaram com Vinson nesse dia. O diretor do CCPD, Tom Frieden, informou que a enfermeira não apresentou náuseas nem vómitos e que, por isso, o risco de alguém ter sido contaminado é “extremamente baixo”.

As medidas de prevenção não ficaram por aí. A tripulação está dispensada de se apresentar ao serviço. E várias escolas, no Ohio e no Texas, foram fechadas. Os estudantes que estavam no voo receberam indicações para ficar em casa. De acordo com o diário norte-americano, terão sido vários os erros desde que Duncan aterrou nos Estados Unidos a 20 de setembro. Entre eles, o facto de terem deixado Vinson voar, devido ao risco de exposição, explicou Frieden. As autoridades dizem que a enfermeira apresentava apenas 37.5º de febre, que fica abaixo dos 38º, o limite estipulado pelo CCPD.

“Aparentemente não há grande risco, mas é muito assustador”, disse ao Los Angeles Times uma fonte da união Frontier, que preferiu o anonimato por não estar autorizada a falar pelo grupo. A união, que representa 60 mil assistentes de abordo, pediu ao CCPD para monitorizar a tripulação que viajou com Vinson. David Siegel, o CEO da Frontier Airlines, informou que dois pilotos e quatro assistentes de bordo estão dispensados por 21 dias, por precaução.

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ESCOLAS FECHADAS

Em Solon, no Ohio, duas escolas foram fechadas esta quinta-feira para que as autoridades de saúde possam desinfestar os edifícios. Uma das escolas explicou via e-mail que tomou essa decisão depois de saber que um funcionário poderá ter voado no mesmo avião de Vinson, num voo posterior.

Em Belton, Texas, foram fechadas três escolas durante esta quinta-feira. Duas crianças, que estiveram no mesmo voo de Vinson, receberam indicações para ficar em casa nos próximos 21 dias e para controlar a temperatura. Esses dois estudantes deslocaram-se aos estabelecimentos de ensino terça e quarta-feira, mas não terão mostrado sintomas da doença. “Por isso [por não terem mostrado sintomas], não há risco iminente para as vossas crianças”, explicou uma carta de uma das escolas.

Um outro estudante, este da escola Eagle Mountain-Saginaw, em Dallas, estará isolado com a família durante três semanas depois de ter partilhado o avião com Vinson. Um familiar da enfermeira informou também que estará em quarentena por iniciativa própria depois de ter estado com Vinson no Ohio.

“Tirar a temperatura duas vezes por dia, estar atento a sintomas. Procurar isolamento se alguém desenvolver sintomas”, apelou Margo Erme, a diretora médica da região. As autoridades explicaram que estas não são recomendações médicas, mas sim de precaução.

Tem dúvidas sobre Ébola? Veja aqui o que deve fazer caso suspeite estar a desenvolver os sintomas do vírus. Ou aqui, o Explicador que o Observador preparou há várias semanas e que continua a ser atualizado.