O Parlamento vai debater na quarta-feira projetos da esquerda que defendem a renegociação da dívida pública, mas para Passos Coelho esse é um debate que pode fazer mais mal do que bem até porque a dívida “tem de ser paga”. “Não vejo grande vantagem em estar a arrastar um debate público sobre a dívida que temos e tem de ser paga”, disse em declarações aos jornalistas.

Para Passos Coelho, atualmente só há duas posições claras: a do Governo, que defende o pagamento, e a da esquerda à esquerda do PS, que defende a reestruturação. De resto, disse é importante que o principal partido da oposição diga o que defende em termos de défice e de dívida: “O que não podem é usar o debate para não dizerem o que querem”. Até porque “aquilo que os grandes partidos defendem, tem importância”.

Uma indireta ao PS de António Costa que entregou na sexta-feira um projeto de resolução na Assembleia da República onde propõe um debate parlamentar sobre o tema, mas não avançando qual a posição do partido. “O país ganha pouco, e de resto até pode perder muito, em ter grandes debates sobre a dívida pública”, disse.

E, por isso, disse, o país até ganhava em saber o que defende o principal partido da oposição. Passos, no entanto, acabou por teorizar sobre o que pode ser a proposta do PS: “Ou alguém acha que não tem de ser paga, com consequências nos nossos mercados externos que é [ao mesmo tempo] pôr em causa o financiamento ao país – e [quem] lançar permanentemente esse debate tem de assumir as consequências – ou diz que o que tem de fazer está feito”. E nesse aspeto, relembrou que a dívida oficial, do lado da União Europeia e do FMI, já tem “condições mais favoráveis” e que em relação à “não oficial”, que está nas mãos de particulares, entre eles bancos portugueses, “não faz sentido dizer que não a queremos pagar porque cairia em cima da nossa cabeça”. Além disso, lembrou, a dívida detida por entidades não oficiais está também na mão de fundos internacionais “que no dia em que ouvirem dizer que Portugal não está disponível para pagar, sairão de Portugal”.

Para o primeiro-ministro, nem debate nem reestruturação da dívida pública, apesar de ter sido a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque a ter direcionado para a Assembleia da República uma discussão sobre o tema. Disse Passos Coelho que “o Parlamento até é o sítio adequado”, mas que do lado do Governo a opção é só uma: “Temos uma dívida pública que é grande, vamos assumi-la com responsabilidade. Não vejo nenhuma necessidade nem espaço para fazer negociações ou reestruturações”.

 

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