“Estabelecer uma ligação aérea direta entre a China e Portugal seria um passo da maior importância, tanto no plano do turismo como no dos negócios”, permitindo, por exemplo, aumentar o número de turistas chineses que visitam o país – no ano passado, foram 40 mil, um número que o governante considerou “bastante modesto”.

A criação de uma ligação aérea entre os dois países “deve ser encarada de um ponto de vista estratégico, nomeadamente tendo em linha de conta que Lisboa é já o mais importante ponto de conexão de voos entre a Europa e os países de língua portuguesa em África e o Brasil”, sustentou Rui Machete, que intervinha em Lisboa na primeira gala Portugal-China, promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa.

No final, em declarações aos jornalistas, o ministro reconheceu que a decisão envolve “alguns riscos e um investimento grande”, mas admitiu que, face ao crescimento do turismo e dos negócios entre Lisboa e Pequim, “é provável que não tarde muito” para que seja uma realidade.

Questionado sobre se a TAP poderá ter interesse nesta ligação, Machete referiu que a companhia aérea portuguesa “não tem estado muito virada para o Oriente”, mas confessou que gostaria muito que tal acontecesse.

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No seu discurso, o chefe da diplomacia portuguesa sublinhou as “potencialidades e o efeito multiplicador de uma cooperação trilateral, envolvendo a China, Portugal e outros países de expressão portuguesa”.

“Com efeito, a capacidade que Portugal tem de se posicionar na interseção da África, do Brasil e da América Latina permite-lhe projetar uma influência que vai muito para além da sua dimensão geográfica e da sua capacidade económica, sendo recíproco o interesse de portugueses e chineses em desenvolverem experiências de cooperação triangular”, referiu.

O governante destacou a “excelente fase do relacionamento político entre os dois países, na qual assume uma crescente importância a dimensão económica”.

Machete recordou que em 2012 a China foi o principal investidor estrangeiro em Portugal e que os chineses se destacam nos chamados vistos “gold”, que em dois anos representaram um investimento superior a mil milhões de euros.

Por outro lado, as exportações nacionais para aquele país aumentaram, entre 2008 e 2013, na ordem dos 40% ao ano, crescendo de 184 milhões de euros para perto de 660 milhões no ano passado.

O ministro salientou que “as empresas portuguesas, em particular as pequenas e médias empresas [PME], poderiam beneficiar muito de um acesso mais equitativo aos mercados chineses”, o que “ajudaria a reduzir o deficit nacional no comércio bilateral com a China”.

No entanto, referiu, “a margem para a expansão das trocas comerciais e do investimento entre os dois países é vasta e permanecem muitas janelas de oportunidade por aproveitar”.

No mesmo sentido, o embaixador chinês em Portugal, Huang Songfu, afirmou que os dois países vivem “um momento mais favorável nas relações bilaterais”.

“Estou certo de que temos ainda muitas áreas a explorar, tais como o comércio de serviços, os intercâmbios entre PME e a exploração conjunta nos mercados terceiros”, destacou o diplomata.