A zona euro está confrontada com um “risco de estagnação”, com níveis de “desemprego que continuam elevados e uma taxa de inflação persistentemente longe do objetivo”. O alerta é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que lança um apelo ao Banco Central Europeu (BCE) para que este avance com novas medidas de estímulo monetário, incluindo, finalmente, a compra massiva de dívida pública dos países da união monetária.

Os comentários da OCDE surgem num dia em que acontece mais uma reunião do conselho de governadores do BCE – com conferência de imprensa de Mario Draghi nesta quinta-feira às 13h30, hora de Lisboa – e são divulgados, também, em antecipação ao encontro do G-20 na Austrália, no final deste mês.

O relatório contém, também, uma revisão em baixa das projeções de crescimento global. A economia global deverá crescer 3,3% em 2014 e 3,7% em 2015, menos do que os 3,4% e 3,9% anteriormente previstos pelo instituto sedeado em Paris. A retoma nos EUA “parece ser robusta”, diz a OCDE, mas a zona euro está perante um “risco de estagnação” e, quanto ao Japão, “não é um dado adquirido” que a economia nipónica consiga escapar, finalmente, a duas décadas consecutivas de deflação, isto é, uma contínua quebra dos preços espelhando uma grande fragilidade da atividade económica.

Na união monetária europeia, “a economia está a cair numa situação de imobilidade, o que representa um risco para o crescimento global, com desemprego que continua elevado e uma inflação que está persistentemente longe do objetivo”, escreve no relatório Catherine Mann, que se tornou recentemente economista-chefe da OCDE.

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“Na zona euro, e também para a economia global, um apoio monetário mais intenso é essencial para o crescimento, caso contrário poderá estar no horizonte uma inflação ainda mais baixa, ou mesmo deflação”, acrescenta Catherine Mann.

O produto interno bruto da zona euro deverá crescer apenas 1,1% em 2015 e 1,7% em 2016, mas estas projeções só poderão materializar-se se os governos abrandarem os esforços de redução dos défices orçamentais e se o BCE promover mais estímulos monetários. Sem esses dois fatores, “o desempenho económico da zona euro vai ser muito mais fraco”, receia a OCDE.

O BCE anunciou em junho um pacote de medidas que já contempla a compra de alguns ativos no mercado como forma de estimular o crescimento, baixar o valor do euro no mercado cambial e tentar estimular a inflação, para que esta se aproxime do objetivo de 2%. Segundo o Eurostat, a taxa de inflação anual está nos 0,4%. No entanto, está a crescer a pressão sobre Mario Draghi para que este reúna consensos dentro do conselho de governadores no sentido de avançar com um programa de expansão monetária de larga escala, o que passaria pela compra de dívida dos Estados da zona euro.