O Banco de Portugal (BdP) enviou até ao momento 16 dos 19 pontos de informação solicitados pelos deputados que integram a comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES e do GES, informou esta quarta-feira fonte oficial do supervisor. O Novo Banco e a Caixa Geral de Depósitos (CGD alegaram o segredo bancário para não enviar os documentos pedidos, confirmou o Observador. A reunião desta tarde entre todos os grupos parlamentares já começou e vai servir para verificar quais são os documentos que já foram recebidos e se a comissão de inquérito avança ou não com as audições na próxima segunda-feira.
“Dos 19 documentos pedidos, 16 já foram respondidos, outro vai seguir ainda hoje [quarta-feira], e ficam a faltar dois”, revelou a fonte, à margem de uma reunião com jornalistas no BdP. O Observador confirmou junto de fontes parlamentares que estes documentos têm chegado à Assembleia da República, ao contrário do que foi pedido ao BES, ao Novo Banco e à CGD.
O BdP avisou ainda esta tarde, depois de ter sido noticiado que a instituição estava a alegar sigilo bancário para não entregar a documentação aos deputados, que um dos dois documentos que vai demorar mais tempo a chegar às mãos dos deputados é o relatório da auditoria forense tripartida ao Banco Espírito Santo (BES) conduzida pelo BdP, pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e pela Deloitte. Apesar de o ‘trabalho de campo’ estar praticamente concluído, falta o relatório, pelo que a auditoria não está totalmente finalizada, sendo assim “impossível” o seu envio para o Parlamento, sublinhou fonte oficial da entidade liderada por Carlos Costa.
Quanto ao outro documento em falta, trata-se de um conjunto de documentos que inclui a correspondência trocada entre o BdP e outros reguladores no estrangeiro, entre os quais, o Banco Nacional de Angola. O supervisor português já pediu autorização aos seus congéneres no estrangeiro para enviar estas informações para a comissão de inquérito, aguardando agora a necessária ‘luz verde’.
O Observador apurou ainda que tanto o Novo Banco como a Caixa Geral de Depósitos não pretendem enviar quaisquer documentos, situação que esta comissão pretende alterar. As duas instituições alegaram sigílo bancário para não enviar a documentação pretendida.
Esta quarta-feira, os partidos fazem um “ponto de situação” dos trabalhos da comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), que arranca na segunda-feira. O PCP, pelo deputado coordenador Miguel Tiago, pediu na terça-feira ao presidente da comissão, Fernando Negrão, uma reunião da mesa e dos coordenadores “com caráter de urgência”, para agilizar calendários.
“Julgamos ser necessário ponderar sobre as condições atuais [dos trabalhos], dada a falta de documentação, bem como a proximidade das primeiras audições confirmadas pelo presidente [da comissão]”, diz o PCP no requerimento enviado ao presidente da Comissão.
A comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES e do GES foi proposta pelo PCP e aprovada por unanimidade dos partidos.
A primeira audição está agendada para a próxima segunda-feira e, no total, serão ouvidas cerca de 130 personalidades, por entre figuras da política, das empresas, e elementos da família Espírito Santo.