O candidato único a secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, considerou hoje necessária uma visão estratégica para resgatar o país da crise, recusando um compromisso de “solidariedade no afogamento”.

“O compromisso de que o país precisa não é solidariedade no afogamento, é de termos uma visão estratégica que resgate o país à crise e permita construir um novo modelo de desenvolvimento mais sustentável”, afirmou António Costa, no Funchal, num encontro com militantes e simpatizantes do PS/Madeira.

O candidato, que se deslocou à região para apresentar a moção de estratégia que vai submeter no congresso nacional de 29 e 30 de novembro, argumentou que existe quem queira “amarrar [o PS] aos compromissos de curto prazo, atar à perna a pedra que os está a levar para o fundo”. “Como se a salvação do país passasse por irmos todos ao fundo com esta direita e esta governação”, ironizou.

Segundo António Costa, não existem “varinhas mágicas, nem soluções de curto prazo” para resolver os problemas de Portugal, daí o seu projeto “Agenda para a Década”.

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O candidato considerou que o único programa do atual Governo foi “adotar e ir além da austeridade da troika”, mas “fracassou nas suas metas orçamentais, no seu objetivo de redução da dívida e nos resultados económicos que tem a apresentar”.

Na sua opinião, a “única esperança que algo de diferente poderia acontecer, esgotou-se com a apresentação do Orçamento de Estado para 2015”, que considerou ser “idêntico a todos os outros”.

“Está esgotado o tempo deste governo e impõe-se um tempo de mudança” na Republica e na Madeira, sustentou, adiantando que onde foram tantos anos sucessivos da mesma maioria, “tanto tempo, que até o próprio presidente do Governo Regional se acabou por cansar e percebeu que era altura de mudar”.

O candidato sublinhou que o país está num momento de “mudança de ciclo político, porque temos um governo esgotado na sua missão, sem soluções e que, estando ligado à máquina, está-se a arrastar numa lenta agonia que se ameaça estender até outubro do próximo ano”.

Para António Costa, é necessário que Portugal “valorize o seu território na sua diversidade”, encarando o interior como uma “plataforma” para fortalecer o novo mercado ibérico, apostando no mar e também “num novo relacionamento com as regiões autónomas”.

“O país não pode continuar a olhar para as regiões autónomas como um problema e um encargo, mas como uma grande oportunidade para valorizar grande parte do território que está por descobrir e é potencial para desenvolvimento” nacional, vincou.

Face ao “paralelismo político” entre a República e a região, com as eleições legislativas em 2015, António Costa assumiu um compromisso de solidariedade para com o PS/Madeira, assegurando que o partido irá respeitar as especificidades deste arquipélago, dando “liberdade” à estrutura regional para “definir a estratégia” política e estabelecer as “plataformas de entendimento” que considerar mais eficazes para ganhar na Madeira.