Os comerciantes do Bairro Alto, Lisboa, consideram que as câmaras de vigilância ali instaladas desde 22 de maio já foram úteis em situações de violência, mas criticam a falta de ação policial quanto ao tráfico de droga.
“Em recentes desacatos, em que houve feridos graves, foi possível chegar aos agressores através das câmaras de vigilância”, referiu à Lusa o presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto, Hilário Castro.
No sábado, assinalam-se seis meses desde que estas câmaras entraram em funcionamento, após o contrato para a sua instalação ter sido assinado pela Câmara de Lisboa, em outubro de 2012.
De acordo com o Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da Polícia de Segurança Pública, “a videovigilância no Bairro Alto opera-se com a permanente visualização de imagens em tempo real”.
Uma vez que só o Cometlis tem acesso às imagens captadas, “qualquer incidente ou emergência que seja percecionada será de imediato encaminhada”, lê-se na informação enviada à agência Lusa.
Hilário Castro assinalou, contudo, que o problema da droga se mantém.
“Diariamente, os mesmos indivíduos permanecessem nas ruas e as autoridades não atuam”, criticou, acrescentando que “quem está a visionar as imagens podia alertar as autoridades no local”.
O também proprietário de um restaurante no Bairro Alto sublinhou que a droga é muitas vezes vendida a turistas, o que “passa uma imagem degradante e repugnante até da própria cidade”.
O representante da Associação de Moradores do Bairro Alto, Luís Paisana, indicou que muitas vezes não é mesmo droga, mas “outras substâncias, como louro em pó”, pelo que a polícia não pode intervir.
Quanto à vigilância, o também morador apontou que “as pessoas nem se aperceberam de que as câmaras tinham sido ligadas”, dado o seu atraso relativamente à altura em que foram instaladas.
Luís Paisana destacou, contudo, que “têm acontecido situações pontuais de violência”, pelo que “as pessoas andam um bocadinho assustadas”.
“Havia a perspetiva de que as pessoas ficariam muito mais descansadas com as câmaras, por serem dissuasoras”, o que ainda não aconteceu, sintetizou.
De acordo com Luís Paisana, os moradores “exigem mais polícias nas ruas, sobretudos aos fins de semana, que é quando há multidões no bairro” e também roubos e rixas.
Segundo dados enviados à agência Lusa pelo Cometlis, entre maio e setembro houve uma diminuição do número de ocorrências registadas, de 66 para 50.
Em junho, verificaram-se 71 ocorrências, em julho 70, enquanto em agosto se registaram 69. A polícia escusou-se, contudo, a indicar de que tipo de casos se tratou.
A força de segurança acrescentou que as imagens captadas podem ser incluídas no inquérito, através de fotogramas, “desde que tenham uma relação inequívoca com a prática de determinado crime”.
Numa informação escrita enviada à Lusa, o vereador da Segurança, Carlos Castro, disse apenas que a PSP tem transmitido à Câmara de Lisboa que este sistema de vigilância constitui “um importante e positivo instrumento de trabalho na área da segurança”.