As investigações judiciais José Sócrates começaram há vários meses. Segundo a revista Sábado, que revelou o caso a 31 de Julho, o ex-primeiro ministro estava a ser alvo de apertada vigilância do Ministério Público que teria avançado já com a quebra do sigilo bancário e fiscal. O processo estava ser conduzido pelo DCIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal, com a colaboração de inspetores das Finanças.
A publicação adiantava que o processo estava praticamente concluído e que o antigo primeiro-ministro poderia ser chamado para interrogatório e até ser constituído arguido. Na altura a revista Sábado ligou a investigação ao caso Monte Branco, a rede de branqueamento de capitais que levou também à detenção do ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um comunicado em que assegurava que o ex-primeiro ministro não estava a ser investigado pela operação Monte Branco.
No entanto, os detalhes que já se conhecem sobre o caso que levou à detenção de José Sócrates coincidem com a informação então avançada pela Sábado e que centrava as investigações na origem e movimentos do património do ex-primeiro ministro. Na altura já era referido como suspeito Carlos Manuel Santos Silva, o empresário e amigo dos tempos da Covilhã, que teria comprado casas à mãe do ex-primeiro-ministro, onde se inclui o apartamento no edifício Heron Castilho, na rua Braamcamp em Lisboa.
Os negócios imobiliários, que incluem um imóvel em Paris, terão estado no centro das investigações que levaram à detenção do ex-primeiro-ministro, na medida em levantaram suspeitas de serem operações de branqueamento de capitais. Este crime está sempre associado a outros crimes. José Sócrates vai ser interrogado este sábado por suspeitas de branqueamento de capitais, corrupção e fraude fiscal num processo que está a ser conduzido pelo juiz Carlos Alexandre que acompanhou as buscas entretanto realizadas e que incluíram a casa do antigo primeiro-ministro.
A PGR confirma que há mais três detidos neste inquérito que visa operações bancárias, transferências de dinheiro sem justificação conhecida e legalmente admissível, reafirmando que o caso é independente da operação Monte Branco.