Chegou o dia da aguardada reunião em Viena da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) e, com a expectativa crescente de que não será anunciado um corte significativo na produção, os preços do petróleo voltam esta quinta-feira a derrapar para mínimos de quatro anos. A cotação da matéria-prima em dólares desce quase 30% desde junho.
“O mercado acabará por estabilizar-se, eventualmente“. A frase, proferida na quarta-feira pelo ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, esvaziou as expectativas que existiam nos mercados de matérias-primas de que a OPEP poderia cortar a produção esta quinta-feira. A reunião do cartel, em Viena, está no centro de todas as atenções nos mercados internacionais, tendo em conta a queda abrupta dos preços do petróleo nos últimos meses.
Ao início da manhã desta quinta-feira, os contratos futuros de crude negociados em Londres desciam 2,2% para os 75,97 dólares por barril. Em Nova Iorque, o preço ronda os 72,74 dólares, perto dos valores mais baixos dos últimos quatro anos.
A descida da procura por petróleo na Europa e na Ásia e, por outro lado, a produção de gás de xisto nos EUA – que está a tornar o maior consumidor de petróleo do mundo cada vez menos dependente do exterior – têm vindo a penalizar os preços do crude nos últimos meses. Perante sinais de um excesso de oferta no mercado, gerou-se a expectativa de que a OPEP poderia limitar a produção.
Mas essa expectativa era quase nula à entrada, esta manhã, da reunião dos 12 membros da OPEP. Isto depois de terem sido ouvidas as preocupações da Rússia e do México, países que não pertencem à OPEP mas estão a ver cair o fruto das suas exportações. Atualmente os países da OPEP produzem até 30 milhões de barris por dia, mas há países que têm furado este limite para compensar a quebra dos preços. Daí que esta reunião sirva também para tentar harmonizar as posições dos vários países.
A confirmar-se que não haverá qualquer corta na produção, ou um corte muito pequeno, os preços do petróleo deverão acentuar as quedas, acreditam os analistas.