O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, reuniu esta quinta-feira de manhã com o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, logo após ter regressado da ilha do Fogo, confirmou ao Observador o gabinete de comunicação do governo. “Estamos numa situação de catástrofe e as coisas poderão piorar nos próximos momentos”, disse o governante citado pelo jornal Fogo News. A visita do primeiro-ministro à ilha durante a quarta-feira tornou mais clara a necessidade de reforçar o pedido de apoio internacional, que será formalizado esta sexta-feira durante uma reunião com um representante da Organização das Nações Unidas (ONU).

Depois de se ativar o Plano de Emergência para Erupções Vulcânicas no final do dia de domingo, foi criado um Gabinete de Crise na segunda-feira para acompanhar e pensar medidas de contingência para fazer face à situação em Chã das Caldeiras, lê-se no site do governo. O gabinete é presidido pelo general Antero Matos e que conta com a participação de elementos das forças de segurança e da administração pública. O pedido de ajuda internacional inclui, por um lado, especialistas, alguns deles até já se encontram no local a fazer a monitorização da atividade do vulcão e dos gases emitidos, por outro lado, medicamentos, apoio técnico e helicópteros.

Segundo José Maria Neves, citado pela agência Lusa, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, terá confirmado esta quarta-feira o envio de uma fragata com apoio humanitário e meios para montar uma central de comunicações.

O chefe do governo, em declarações à imprensa, reforçou o apoio que as câmaras municipais do Fogo têm dado nesta situação e que é necessário que estas comecem a angariar fundos, porque se prevê que Chã das Caldeiras seja destruída pela erupção. José Maria Neves lembra que as crianças realojadas precisam de continuar a ter acesso a alimentos, à educação e a uma vida condigna, citou o jornal Fogo News.

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Manter crianças na escola_Aleida Monteiro

O primeiro-ministro espera que as crianças realojadas possam continuar a frequentar a escola – DR

A erupção que começou no domingo na Ilha do Fogo tem aumentado e diminuído de intensidade ao longo da semana, mas esta quarta-feira a situação agravou-se, confirmou ao Observador Arlindo Lima, presidente do Serviço Nacional de Proteção Civil. A lava escorre a partir de uma fissura localizada mais ou menos a meio do cone do vulcão, e não a partir da cratera no pico, e tem esta quinta-feira mais saídas visíveis. Segundo Arlindo Lima, o Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Cabo Verde afirmou esta manhã que tinha havido um agravamento da atividade sísmica devido à movimentação do magma abaixo da superfície.

As lavas que correm a cinco metros por hora já chegaram às povoações, disse à Lusa Hélio Semedo, geólogo da Proteção Civil cabo-verdiana. Esta quarta-feira já tinha chegado à povoação da Portela. Mas Arlindo Lima afirmou que na povoação só restavam mesmo as paredes das casas – a população tinha sido retirada do local e levado consigo todos os pertences incluindo portas e janelas das casas. A população está neste momento em três bases de acolhimento preparadas para o efeito – Mosteiros, Achada Furna e Monte Grande. O presidente do Serviço Nacional de Proteção Civil disse ainda que locais onde a lava já tinha solidificado tem novos rios de lava, que a lava já chegou à escola da povoação da Portela que servia de base à Proteção Civil e que esta manhã a lava estava a cerca de cinco a dez metros do Hotel Pedra Brabo.

O governo cabo-verdiano alerta ainda para o risco de difusão de mensagens não oficiais erradas que poderão provocar um pânico injustificado, como supostos atos de vandalismo ou alertas a povoações que não estão em risco.

“Afinal a ‘invasão’ à sede do parque não foi puro ato de vandalismo, mas antes uma tentativa desesperada da própria administração do parque de salvar parte dos equipamentos. (…) Infelizmente as coisas terão saído do controlo e por um capricho do destino, e como que por milagre as lavas, pouco depois de parte delas invadirem alguns dos aposentos, as lavas desviaram em direção a Portela, livrando o edifício da destruição total”, publicou a assessora do governo, Aleida Monteiro, na página do Facebook.